Por estar por aqui fechado, que o tempo não me liberta, tive hoje vontade de sair para ver o mar e o nosso farol. Não fui, é certo, mas há sempre formas de contornar as dificuldades. Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha até ele. E assim, recorrendo aos meus arquivos, que felizmente não faltam, aqui está uma forma de matar saudades. A fotografia não terá nada de especial, mas tem o condão de me lembrar o que há de bonito nesta terra que me viu nascer há tanto tempo. E a primavera não vem a caminho?
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
sábado, 12 de janeiro de 2019
Recordando as tias da Lita
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| Aidinha, Lourdes, Lita e Zulmira, todas bonitas |
Dizem que com a idade ganhamos a tendência de olhar mais
para o passado. É o que está a acontecer
comigo e com muita gente que conheço. Vai daí, vou-me dando conta de novos
interesses, como os de vasculhar caixas de fotografias de tempos que não
voltam. Um dia destes descobri, se assim se pode dizer, a foto que encima esta
nota. E com ela surgiram as vivências que a nossa família partilhou com as tias
da Lita, que foram, na prática, as “mães” dela.
O registo foi feito no jardim frente à nossa casa com marcas
que perduram desde há mais de meio
século. As tias que envolvem a juventude
da Lita (Aida, Lourdes e Zulmira)
permanecem em nós pelo amor carregado de ternura que permanentemente nos dispensaram. O sorriso franco foi sempre timbre
delas, cada uma a seu jeito. A tia Aida era toda carinho e brincalhona, a tia Zulmira era a educadora de
regras por vezes rígidas, mas frontal e lutadora, e a tia Lourdes era a gestora e a protetora, ao estilo
de mãe de todos.
Os nossos filhos, como já tenho dito, ficavam encantados
quando sonhavam que era dia de seguirmos para Pardilhó, terra das origens delas
e da Lita. E no carro até cantavam com o aproximar da chegada àquela terra onde nos sentíamos como se fora nossa. Era a festa que
os esperava, o calor humano das tias que os animava, a brincadeira que a tia
Aidinha (como a tratávamos) estimulava, as guloseimas que ela sorrateiramente, porque abusava, partilhava
com eles. Mas cá para nós, eu preferia o “pão do Álvaro” de sabor único.
Hei de voltar ao tema, ao sabor das fotografias achadas.
Fernando Martins
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Chaves - Pedra Bolideira
A Pedra Bolideira, que um dia descobrimos durante uma viagem
a caminho de Bragança, com partida de Chaves, também faz parte das minhas
memórias. Tínhamos ouvido falar dela em casa de uma família que nos recebeu, durante as nossas férias na cidade termal de Chaves, e ficámos com
curiosidade de conhecer o fenómeno de uma pedra enorme que podíamos fazê-la
oscilar, se a pressionássemos no sítio certo. E lá partimos com o objetivo de
fazer a experiência.
Digo fenómeno pela raridade de existir um
pedregulho em posição de equilíbrio instável, ao alcance de um ser humano poder
fazê-lo baloiçar. Como foi o caso. E lá partimos rumo a Bragança, também com a
ideia de visitar o Museu do Abade Baçal, o tal abade que se dedicou à descoberta e
estudo de antiguidades arqueológicas, tendo escrito muitíssimo sobre o que, com
a sua sensibilidade e intuição, soube trazer até à luz do dia, atraindo outros
especialistas na matéria para a região. O museu, que tivemos o privilégio de
visitar noutras alturas, deixou-me na memória sinais indeléveis, que ainda
hoje afloram ao meu espírito, quando ouço falar de Trás-os-Montes.
Mas a célebre Pedra Bolideira, em Chaves, saltou-me um dia destes para o meu consciente,
quando encontrei a fotografia que ilustra este registo. A Lita e a Aidinha,
curiosas, foram as primeiras a tentar mexer o pedregulho. Depois fui eu dar uma
ajuda, mas nada. A célebre pedra não tugiu nem mugiu e ficou impávida e serena a
rir-se de nós.
Duas mocinhas e depois um homem maduro lá nos indicaram o
sítio certo para sairmos vitoriosos, indicando-nos uma simples verga que se vê,
com alguma dificuldade, junto da Aidinha. Foi o suficiente para ganharmos a
partida. E a Pedra mexeu, sim senhor, tantas vezes quantas quisemos. O retrato
não mente.
Fernando Martins
quinta-feira, 3 de janeiro de 2019
A riqueza da memória
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| No cimo da serra do Buçaco |
Os anos passam, mas as memórias ficam. Podem estar esquecidas ou perdidas, mas há sempre um dia… Saltam dos seus esconderijos e dão gritos estridentes, como que a dizer: — Estamos aqui! E estão mesmo. As memórias são riqueza incalculável. E há quem não lhes dê valor…
Hoje, ao cotejar um álbum de fotografias antigas, daquelas que só depois de reveladas nas casas de fotografia é que nos mostravam a habilidade do fotógrafo, o que manejava a máquina, mesmo sem saber muito, dei de caras com esta imagem. E recuei no tempo algumas décadas, com imensas saudades.
A foto mostra quem tinha ido de passeio à serra do Buçaco, com farnel e tudo, como recordo bem. Só o fotógrafo, o meu Fernando, é que não ficou no retrato. Foi pena. Se fosse hoje, a máquina seria programada para apanhar toda a gente.
Os anos passaram, mas as expressões são as mesmas. Se repararmos bem, lá está a minha saudosa mãe, de luto pelo falecimento do meu pai. Depois de ele nos deixar, a minha mãe nunca mais vestiu nada de cor garrida. Tinha por nome Rosa, mas era conhecida por Rosita Facica. A alcunha vinha dos apelidos. Nós, os facicas, somos herdeiros dos Franciscos da Rocha. Rosita, porque era a mais nova dos quatro irmãos (João, Manuel, Silvina e Maria) e a mais pequena.
O farnel foi saboreado num recanto da mata, sítio propício à abertura, em crescendo, do apetite. E nada nos fazia mal. Grandes tempos. E depois não faltaram os saltos e as brincadeiras, a indispensável bola e a satisfação de minha mãe e nossa estampada nos rostos. Uma felicidade simples mas saborosa, que deixou marcas indeléveis no meu espírito. E por mor da fotografia, fui hoje, sem sair de casa, até ao Buçaco.
Fixando-me na fotografia, posso ler a Lita a olhar atentamente o horizonte alargado, como só o cimo da serra pode ofertar. O Paulo, ao lado dela, na mesma pose. Eu estou atento ao fotógrafo, talvez preocupado com algum tremelique que desfoque o registo. O Pedro, agarrado à bola, parece pensativo ou a sonhar… e a Aidinha, em jeito de senhorinha, com anseios de ficar bem no retrato. Minha mãe, serena, atenta à habilidade do Fernando.
Fernando Martins
A foto mostra quem tinha ido de passeio à serra do Buçaco, com farnel e tudo, como recordo bem. Só o fotógrafo, o meu Fernando, é que não ficou no retrato. Foi pena. Se fosse hoje, a máquina seria programada para apanhar toda a gente.
Os anos passaram, mas as expressões são as mesmas. Se repararmos bem, lá está a minha saudosa mãe, de luto pelo falecimento do meu pai. Depois de ele nos deixar, a minha mãe nunca mais vestiu nada de cor garrida. Tinha por nome Rosa, mas era conhecida por Rosita Facica. A alcunha vinha dos apelidos. Nós, os facicas, somos herdeiros dos Franciscos da Rocha. Rosita, porque era a mais nova dos quatro irmãos (João, Manuel, Silvina e Maria) e a mais pequena.
O farnel foi saboreado num recanto da mata, sítio propício à abertura, em crescendo, do apetite. E nada nos fazia mal. Grandes tempos. E depois não faltaram os saltos e as brincadeiras, a indispensável bola e a satisfação de minha mãe e nossa estampada nos rostos. Uma felicidade simples mas saborosa, que deixou marcas indeléveis no meu espírito. E por mor da fotografia, fui hoje, sem sair de casa, até ao Buçaco.
Fixando-me na fotografia, posso ler a Lita a olhar atentamente o horizonte alargado, como só o cimo da serra pode ofertar. O Paulo, ao lado dela, na mesma pose. Eu estou atento ao fotógrafo, talvez preocupado com algum tremelique que desfoque o registo. O Pedro, agarrado à bola, parece pensativo ou a sonhar… e a Aidinha, em jeito de senhorinha, com anseios de ficar bem no retrato. Minha mãe, serena, atenta à habilidade do Fernando.
Fernando Martins
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
A ronca assustava
João Evangelista de Campos conta, no seu livro "Achegas para a historiografia de Aveiro", a estória que reproduzo a seguir. O Zé Maria de que fala era o banheiro da época na praia da Barra. E sobre a ronca, a que nos habituámos, há décadas, está tudo dito. Os que nada sabiam dela ficavam assustados. E com razão, diga-se de passagem.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
Escola da Marinha Velha vai ser reinaugurada
"A Câmara Municipal de Ílhavo vai inaugurar, no dia 13 de dezembro, pelas 16.00 horas, o Jardim de Infância e Escola Básica da Marinha Velha, que foi objeto de obra de requalificação e ampliação, iniciada em setembro de 2017 e entrada em funcionamento no início do presente ano letivo." Esta foi uma nota que recebi da Câmara Municipal de Ílhavo.
Quem, como eu, trabalhou na Escola da Marinha Velha, na altura com apenas duas salas, uma para os meninos e outra para as meninas, com recreios separados por um muro de meio metro de altura, que todos respeitavam, não pode ficar indiferente a esta inauguração ou, melhor dizendo, reinauguração.
Importa sublinhar que a escola da Marinha Velha foi criada em 10 de Março de 1934, por decreto publicado no DG n.º 75, de 2 de abril do mesmo ano. Tanto quanto posso precisar, esta escola funcionou na rua Júlio Dinis, passando depois para um primeiro andar de um edifício do senhor José Lopes, já em plena Marina Velha. Mais tarde, foi inaugurada esta escola, integrada no Plano do Centenários, sendo Presidente da Junta de Freguesia o senhor Manuel da Rocha Fernandes, que discursou, encerrando o ato, a que assisti, o Governador Civil de Aveiro, Francisco José do Vale Guimarães. Esta inauguração terá ocorrido por volta de 1955. Não averiguei quem era o Presidente da Câmara na altura.
Os tempos passam, mas as memórias ficam de tempos que pouco ou nada tinham a ver com os que presentemente vivemos. Reivindicar era muito difícil ou mesmo impossível, e o que se foi construindo e melhorando custou imenso a conquistar. Era preciso conversar, convencer, contornar dificuldades, enfrentar desafios e defender diplomaticamente os nossos pontos de vista, julgados necessários numa escola que desejava inovar.
De duas salas passou a ter quatro e mais tarde foi possível construir um novo espaço, graças à colaboração da Câmara de Ílhavo, equipado com as novas tecnologias, à época: biblioteca, televisão, gravador de som, rádio, máquina fotográfica e de filmar, leitor de vídeos, fotocopiadora (que substituiu o velho policopiador à base de stencil) e computadores, neste caso com a preciosa colaboração de Vasco Lagarto que promoveu um projeto para esse efeito.
Todos os dias, segundo um esquema estabelecido, os professores e alunos tinham o seu tempo de utilização, havendo uma professora destacada para coordenar o funcionamento deste serviço. Eu próprio dei aí os primeiros passos no mundo dos computadores.
Não foi por acaso que a Escola da Marinha Velha aceitou o encargo, juntamente com outras escolas do país, de testar os novos programas para o Ensino Primário, o que exigia participação em reuniões trimestrais no Ministério da Educação e a elaboração de relatórios exaustivos e críticos sobre as diversas áreas letivas, em colaboração com o inspetor Armor Albuquerque, que visitava regularmente a escola.
Outras memórias hão de surgir mais tarde.
Fernando Martins
sábado, 1 de dezembro de 2018
“NESTE NATAL, ATREVA-SE A SONHAR”
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| Virgem do Cravo de Leonardo Da Vinci |
“Neste Natal, atreva-se a sonhar.” Li esta frase, há anos, num saco publicitário, daqueles que carregam jornais e muita papelada, para ajudar a vender mais. É uma frase bem conseguida, pois incita a comportamentos que é suposto conduzirem à felicidade. Quem não gosta de sonhar!!!
O sonho, diz o poeta António Gedeão, comanda a vida. E se assim é, há que encher a vida de sonhos, realizáveis, uns, e impossíveis de atingir, outros. Sonhos que nos alimentam o espírito e nos dão forças para prosseguir na jornada, em caminhos de optimismo, tolerância e verdade.
Importa, pois, sonhar, porque a vida não pode ser só trabalho, canseiras, preocupações, tristezas. Urge crer num mundo melhor e querer uma sociedade mais justa e mais solidária, para nós e para os nossos filhos e netos. Urge tornar fácil, através do sonho, mas não só, os caminhos que trilhamos, iluminando os que nos rodeiam com sorrisos e projectos de beleza. Urge prosseguir no dia a dia na busca do que é bom para todos os homens e mulheres de boa vontade.
Atreva-se a sonhar em espírito natalício todos os dias do ano. É que o sonho, a alma de uma vida melhor, é luz que brilha e ilumina projectos com sentido, porque assentes na ternura que o MENINO do presépio de Belém nos deu para sempre.
Fernando Martins
NOTA: Recordações e vivências do Natal, neste meu blogue, durante o mês de dezembro.
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