Cristo e a acusada de adultério, Bruegel, o Velho, 1565 |
A MULHER ADÚLTERA
O que escreveu na areia?,
ainda hoje se pergunta,
e são várias as vozes
dos que depois vieram,
legislando,
como os que estão aí,
calçados e erguidos
acima do degrau
Conseguiriam ler o que dizia a areia,
os que ali estavam?,
Soube-o ela?, as suas mãos cruzadas
sobre o ventre, a cabeça inclinada
gentilmente
Ou souberam-no as pedras
que se veem ainda pelo chão?,
aos pés dos fariseus
e dos escribas
as pedras, que não morrem,
mas possuem o poder de
matar
mulheres
ainda hoje
Do Livro ÁGORA de Maria Luísa Amaral
NOTA: Em maré de ler poesia, que o tempo dá para tudo, aqui partilho um poema de Maria Luísa Amaral, cuja leitura recomendo.