Na freguesia da Gafanha da Nazaré, a Obra do Apostolado do Mar inaugurou a primeira fase do edifício do Clube «Stella Maris», para acolhimento dos marítimos que demandam o porto de Aveiro ou nele se ocupam em quaisquer profissões (Correio do Vouga, 8 e 15-11-1985)
"Calendário Histórico de Aveiro"
António Christo e João Gonçalves Gaspar
Stella Maris nas minhas memórias
A propósito da efeméride que hoje recordo, ocorre-me
sublinhar duas ou três coisas da implementação do Clube Stella Maris da Obra do
Apostolado do Mar entre nós. Nasceu carregado de boas intenções, mas não terá
atingido êxito a nível da sua intervenção pastoral. Exerceu um papel social
junto de alguns marítimos e suas famílias, especialmente das classes mais
humildes, mas não passou daí.
As instalações do Stella Maris, com edifício próprio que
substituiu um antigo pré-fabricado, serviram, normalmente, de dormitório e de
pensão económica. Um ou outro encontro, uma ou outra celebração, e pouco mais.
Depois, a dispersão natural da área portuária, o
desmantelamento da frota bacalhoeira, a transformação radical da indústria de
processamento do pescado, bem como a melhor qualidade de vida a bordo dos navios que
demandavam o Porto de Aveiro, juntamente com dificuldades sem conta na
implementação de uma pastoral de e para o homem do mar, entre outras razões que
nem vale a pena abordar, estiveram na base do fim do Stella Maris.
Quem o viu nascer, sente alguma mágoa, mas temos de ser
realistas. Os tempos passaram a ser diferentes, os marítimos de hoje não são,
seguramente, os de há uns 45 anos e o nível de vida melhorou, mesmo para os
trabalhadores do mar e da ria. Poucos eram os que precisavam de uma pensão que
os acolhesse.
FM