"A Câmara Municipal de Ílhavo vai inaugurar, no dia 13 de dezembro, pelas 16.00 horas, o Jardim de Infância e Escola Básica da Marinha Velha, que foi objeto de obra de requalificação e ampliação, iniciada em setembro de 2017 e entrada em funcionamento no início do presente ano letivo." Esta foi uma nota que recebi da Câmara Municipal de Ílhavo.
Quem, como eu, trabalhou na Escola da Marinha Velha, na altura com apenas duas salas, uma para os meninos e outra para as meninas, com recreios separados por um muro de meio metro de altura, que todos respeitavam, não pode ficar indiferente a esta inauguração ou, melhor dizendo, reinauguração.
Importa sublinhar que a escola da Marinha Velha foi criada em 10 de Março de 1934, por decreto publicado no DG n.º 75, de 2 de abril do mesmo ano. Tanto quanto posso precisar, esta escola funcionou na rua Júlio Dinis, passando depois para um primeiro andar de um edifício do senhor José Lopes, já em plena Marina Velha. Mais tarde, foi inaugurada esta escola, integrada no Plano do Centenários, sendo Presidente da Junta de Freguesia o senhor Manuel da Rocha Fernandes, que discursou, encerrando o ato, a que assisti, o Governador Civil de Aveiro, Francisco José do Vale Guimarães. Esta inauguração terá ocorrido por volta de 1955. Não averiguei quem era o Presidente da Câmara na altura.
Os tempos passam, mas as memórias ficam de tempos que pouco ou nada tinham a ver com os que presentemente vivemos. Reivindicar era muito difícil ou mesmo impossível, e o que se foi construindo e melhorando custou imenso a conquistar. Era preciso conversar, convencer, contornar dificuldades, enfrentar desafios e defender diplomaticamente os nossos pontos de vista, julgados necessários numa escola que desejava inovar.
De duas salas passou a ter quatro e mais tarde foi possível construir um novo espaço, graças à colaboração da Câmara de Ílhavo, equipado com as novas tecnologias, à época: biblioteca, televisão, gravador de som, rádio, máquina fotográfica e de filmar, leitor de vídeos, fotocopiadora (que substituiu o velho policopiador à base de stencil) e computadores, neste caso com a preciosa colaboração de Vasco Lagarto que promoveu um projeto para esse efeito.
Todos os dias, segundo um esquema estabelecido, os professores e alunos tinham o seu tempo de utilização, havendo uma professora destacada para coordenar o funcionamento deste serviço. Eu próprio dei aí os primeiros passos no mundo dos computadores.
Não foi por acaso que a Escola da Marinha Velha aceitou o encargo, juntamente com outras escolas do país, de testar os novos programas para o Ensino Primário, o que exigia participação em reuniões trimestrais no Ministério da Educação e a elaboração de relatórios exaustivos e críticos sobre as diversas áreas letivas, em colaboração com o inspetor Armor Albuquerque, que visitava regularmente a escola.
Outras memórias hão de surgir mais tarde.
Fernando Martins
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