quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Recordações de Arganil em 2005



Arganil, com registo de nascimento anterior à nacionalidade portuguesa (o seu primeiro foral data de 1114 e foi-lhe concedido por D. Gonçalo, Bispo de Coimbra), é um pedaço do nosso passado coletivo e da nossa cultura. A sua beleza é indiscutível, ou não fosse a vila envolvida por serranias a perder de vista, com penhascos de recorte caprichoso a oferecerem-lhe e a oferecerem-nos paisagens inesquecíveis. 
Da sua história, respigamos a necrópole megalítica da Lomba do Canho, que uma guarnição romana ocupou muitos séculos depois, o Mosteiro de Arganil, de que se fala desde 1086, as festas e inúmeros monumentos de épocas diversas, e a gastronomia, de sempre: o cabrito assado, o arroz de miúdos, o pão caseiro e a tigelada, decerto criada no Mosteiro de Folques, no século XVII. 
Logo à entrada, recebe-nos a capela de S. Pedro (dos finais do século XIII), verdadeira jóia do Gótico. Fechada ao público, só pudemos apreciar o seu exterior, o mesmo tendo acontecido com a matriz. Já a igreja da Misericórdia, pequena e bonita, com o seu altar e trono a surpreenderem-nos pela singularidade da beleza que ostentam, encantou-nos. Um órgão de tubos, enorme em relação ao templo, afinado e com óptimo som, como nos testemunhou uma devota residente, e o púlpito de antanho exibem o cuidado com que tudo ali é tratado.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Caramulo - Curva na estrada


Serra do Caramulo. Curva da estrada. Aldeia à vista. A energia graças ao vento. Pedras soltas. A montanha desafiante. Convite para um passeio. Venha a primavera. Fico à espera. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Gafanhoa de antigamente


Há anos, alguém teve a gentileza de me oferecer esta fotografia, como sendo de uma gafanhoa dos tempos dos nossos avós. Por essa altura, ainda conheci muitas velhinhas que se vestiam assim, sobretudo se eram viúvas. Depois, as mulheres deixaram de usar chapelinho (acho que era assim que se chamava) e o xaile também passou de moda. Esta velhinha, de luto pesado, com chanatos, meias grossas, saia e blusa pretas e avental da mesma cor, com lenço a cobrir todo o cabelo, era, realmente, uma mulher conformada com a vida. Haja uma, ao menos, que se apresente assim no nosso Etnográfico. Mas que não seja uma moça jovem, que naqueles tempos as raparigas já não se apresentavam desta maneira.

A história do Etnográfico tem de ser contada

O Grupo Etnográfico nasceu nesta festa da Catequese, em 1980/81


O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) tem um historial  muito rico, que não pode cair no esquecimento. Tanto quanto sei, há muitos membros da associação que sabem bastante da sua história, porque têm vivido desde o início envolvidos em tarefas de recolha, estudo e preservação do valioso espólio que o Etnográfico possui. 
Hoje, para acicatar o interesse por esta importante tarefa da elaboração da história do GEGN, aqui ofereço aos meus leitores uma fotografia, onde pontificam alguns pioneiros ainda vivos, graças a Deus, havendo outros já falecidos, como é o caso do Tio Retinto, o qual  ensinou os primeiros passos de dança e as primeiras cantigas, como foi o caso de “A Farrapeira”, que bem me lembro. 
Mãos à obra. 

Fernando Martins 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Movimento de Schoenstatt na Diocese de Aveiro


Santuário numa fase da construção
O Movimento Apostólico de Schoenstatt está a entrar num ano jubilar, a que não poderei ficar indiferente. Acompanhei, direta ou indiretamente, os primeiros passos da espiritualidade mariana daquele movimento entre nós, pois foi na Gafanha da Nazaré que o sonho de alguns se tornou realidade, mobilizando famílias e pessoas, jovens e menos jovens, que aderiram à causa, sentindo-se, ainda hoje, tocadas pela Mãe e Rainha, Santuário e Padre Kentenich, os três pilares da espiritualidade schoenstattiana. 
Assim, nestes nove meses que antecedem a celebração dos 40 anos do Santuário de Aveiro, vai realizar-se, todos os dias 21, às 21 horas, uma novena no Santuário, aberta à participação de todos os interessados. 
Por mim, tentarei divulgar, neste meu espaço de memórias, o que vier a propósito sobre o Movimento de Schoenstatt entre nós, até à festa jubilar. 

Fernando Martins

NOTA: Fico à espera do contributo dos meus amigos. Obrigado.

sábado, 19 de janeiro de 2019

A Bruxa para recordar

É aqui que se bebe o cervejão
Uma explicação oportuna
Costa Nova do outro lado
A Lita com frio, mas a sorrir
Aspeto da Marina da ANGE
Barquinhos na hora do descanso
Outro aspeto da Marina da ANGE

O desafio de passar pela Bruxa veio da Lita, num dia de folga para descontrair. O tempo, frio e chuvoso, não era convidativo, tanto mais que, na nossa idade, um resfriado pode ser muito perigoso. Mas lá fomos, bem agasalhados, ao encontro da célebre Bruxa, com algumas hipóteses para o seu batismo na nossa cabeça.
Há tempos (como a vida passa a correr!), até houve nos meus blogues uma tentativa para descortinar o fenómeno atrativo que aquele recanto da Gafanha da Encarnação suscita, mas, cá para nós, não houve consenso. Eu sei que o nosso amigo Senos da Fonseca e outros já se debruçaram, com saber e arte, sobre a Bruxa, mas tenho para mim que, o que importa, é fazer a experiência do cervejão. De preferência no verão, ou quando o sol nos convidar...

Fernando Martins

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Farol e boca da barra à vista



Por estar por aqui  fechado, que o tempo não me liberta, tive hoje vontade de sair para ver o mar e o nosso farol.  Não fui, é certo, mas há sempre formas de contornar as dificuldades. Se Maomé não vai à montanha, vai a   montanha até ele. E assim, recorrendo aos meus  arquivos, que felizmente não faltam, aqui está uma forma de matar saudades. A fotografia não terá nada de especial, mas tem o condão  de me lembrar o que há de bonito nesta terra que me viu nascer há tanto tempo. E a primavera não vem a caminho?
 

sábado, 12 de janeiro de 2019

Recordando as tias da Lita


Aidinha, Lourdes, Lita e Zulmira, todas bonitas
Dizem que com a idade ganhamos a tendência de olhar mais para o passado.  É o que está a acontecer comigo e com muita gente que conheço. Vai daí, vou-me dando conta de novos interesses, como os de vasculhar caixas de fotografias de tempos que não voltam. Um dia destes descobri, se assim se pode dizer, a foto que encima esta nota. E com ela surgiram as vivências que a nossa família partilhou com as tias da Lita, que foram, na prática, as “mães” dela.
O registo foi feito no jardim frente à nossa casa com marcas  que perduram desde há mais de meio século. As  tias que envolvem a juventude da Lita  (Aida, Lourdes e Zulmira) permanecem em nós pelo amor carregado de ternura que permanentemente nos dispensaram. O sorriso franco foi sempre timbre delas, cada uma a seu jeito. A tia Aida era toda carinho e  brincalhona, a tia Zulmira era a educadora de regras por vezes rígidas, mas frontal e lutadora, e a tia  Lourdes era a gestora e a protetora, ao estilo de mãe de todos.
Os nossos filhos, como já tenho dito, ficavam encantados quando sonhavam que era dia de seguirmos para Pardilhó, terra das origens delas e da Lita. E no carro até cantavam com o aproximar da chegada àquela terra onde nos sentíamos como se fora nossa. Era a festa que os esperava, o calor humano das tias que os animava, a brincadeira que a tia Aidinha (como a tratávamos) estimulava, as guloseimas que ela sorrateiramente, porque abusava,  partilhava com eles. Mas cá para nós, eu preferia o “pão do Álvaro” de sabor único.
Hei de voltar ao tema, ao sabor das fotografias achadas.

Fernando Martins

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Chaves - Pedra Bolideira



A Pedra Bolideira, que um dia descobrimos durante uma viagem a caminho de Bragança, com partida de Chaves, também faz parte das minhas memórias. Tínhamos ouvido falar dela em casa de uma família que nos recebeu, durante as nossas  férias na cidade termal de Chaves, e ficámos com curiosidade de conhecer o fenómeno de uma pedra enorme que podíamos fazê-la oscilar, se a pressionássemos no sítio certo. E lá partimos com o objetivo de fazer a experiência.
Digo fenómeno pela raridade de existir um pedregulho em posição de equilíbrio instável, ao alcance de um ser humano poder fazê-lo baloiçar. Como foi o caso. E lá partimos rumo a Bragança, também com a ideia de visitar o Museu do Abade Baçal, o tal abade que se dedicou à descoberta e estudo de antiguidades arqueológicas, tendo escrito muitíssimo sobre o que, com a sua sensibilidade e intuição, soube trazer até à luz do dia, atraindo outros especialistas na matéria para a região. O museu, que tivemos o privilégio de visitar noutras alturas, deixou-me  na memória sinais indeléveis, que ainda hoje afloram ao meu espírito, quando ouço falar de Trás-os-Montes.
Mas a célebre Pedra Bolideira, em Chaves,  saltou-me um dia destes para o meu consciente, quando encontrei a fotografia que ilustra este registo. A Lita e a Aidinha, curiosas, foram as primeiras a tentar mexer o pedregulho. Depois fui eu dar uma ajuda, mas nada. A célebre pedra não tugiu nem mugiu e ficou impávida e serena a rir-se de nós.
Duas mocinhas e depois um homem maduro lá nos indicaram o sítio certo para sairmos vitoriosos, indicando-nos uma simples verga que se vê, com alguma dificuldade, junto da Aidinha. Foi o suficiente para ganharmos a partida. E a Pedra mexeu, sim senhor, tantas vezes quantas quisemos. O retrato não mente.

Fernando Martins

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

A riqueza da memória

No cimo da serra do Buçaco

Os anos passam, mas as memórias ficam. Podem estar esquecidas ou perdidas, mas há sempre um dia… Saltam dos seus esconderijos e dão gritos estridentes, como que a dizer: — Estamos aqui! E estão mesmo. As memórias são riqueza incalculável. E há quem não lhes dê valor…
Hoje, ao cotejar um álbum de fotografias antigas, daquelas que só depois de reveladas nas casas de fotografia é que nos mostravam a habilidade do fotógrafo, o que manejava a máquina, mesmo sem saber muito, dei de caras com esta imagem. E recuei no tempo algumas décadas, com imensas saudades.
A foto mostra quem tinha ido de passeio à serra do Buçaco, com farnel e tudo, como recordo bem. Só o fotógrafo, o meu Fernando, é que não ficou no retrato. Foi pena. Se fosse hoje, a máquina seria programada para apanhar toda a gente.
Os anos passaram, mas as expressões são as mesmas. Se repararmos bem, lá está a minha saudosa mãe, de luto pelo falecimento do meu pai. Depois de ele nos deixar, a minha mãe nunca mais vestiu nada de cor garrida. Tinha por nome Rosa, mas era conhecida por Rosita Facica. A alcunha vinha dos apelidos. Nós, os facicas, somos herdeiros dos Franciscos da Rocha. Rosita, porque era a mais nova dos quatro irmãos (João, Manuel, Silvina e Maria) e a mais pequena.
O farnel foi saboreado num recanto da mata, sítio propício à abertura, em crescendo, do apetite. E nada nos fazia mal. Grandes tempos. E depois não faltaram os saltos e as brincadeiras, a indispensável bola e a satisfação de minha mãe e nossa estampada nos rostos. Uma felicidade simples mas saborosa, que deixou marcas indeléveis no meu espírito. E por mor da fotografia, fui hoje, sem sair de casa, até ao Buçaco.
Fixando-me na fotografia, posso ler a Lita a olhar atentamente o horizonte alargado, como só o cimo da serra pode ofertar. O Paulo, ao lado dela, na mesma pose. Eu estou atento ao fotógrafo, talvez preocupado com algum tremelique que desfoque o registo. O Pedro, agarrado à bola, parece pensativo ou a sonhar… e a Aidinha, em jeito de senhorinha, com anseios de ficar bem no retrato. Minha mãe, serena, atenta à habilidade do Fernando.

Fernando Martins

Páginas

Tema Simples. Com tecnologia do Blogger.

TRADUÇÃO

DONO DO BLOGUE

DONO DO BLOGUE
Fernando Martins

REFLEXOS DA VIDA DE FERNANDO MARTINS

Este meu blogue ficará disponível apenas para consulta

Por razões compreensíveis e próprias da minha idade, este meu blogue vai continuar disponível para consulta, mas não será atualizado. Contin...