quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Tinha saudade desta escadaria





Tinha saudades desta escadaria. Por ela, subi até ao “Correio do Vouga” imensas vezes. Desci outras tantas. De uma vez, corri até ao cimo e desci na mesma velocidade. Momentos depois, sofri um enfarte. Estávamos em 8 dezembro de 2006. Depois, passei a olhar para ela com certo temor. Talvez infundado, mas enfim. Hoje, subi e desci a pensar nisso. Fui com calma, agarrado ao corrimão. Tudo bem. Apenas a chuva torrencial que me molhou à chegada me incomodou. 
Quando descia, ouvi o sinal sonoro que foi montado há anos para avisar que estava a chegar gente. Ao subir, não dei por ele. 
Bons tempos em que nem notava os anos a passar, por gostar do que fazia. Quem corre por gosta não cansa, diz o ditado. E é verdade. 
Os meus tempos do jornalismo abriram-me mais ao mundo em que estamos. Ao jornal, se chegavam notícias que formavam e informavam pela positiva, também não faltavam as que refletiam mágoas, tristezas, incompreensões, desgostos. E se as primeiras eram bem-vindas, as outras exigiam atenção, que do negativo podemos e devemos descobrir a vertente que tranquiliza. 
Já lá vão 14 anos, mas soube-me bem recordar o que antes vivi no jornal diocesano, levado hoje por esta escadaria, ao som do aviso sonoro que alerta quem está para gente que vem a caminho. E de passagem, permitam-me que agradeça a atenção e o carinho com que fui recebido pela Teresa e pelo Jorge, amigos de há muito. 

Fernando Martins

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Os sonhos e as fantasias continuarão



Os espaços comerciais fazem publicidade aos seus produtos, acentuadamente nas quadras festivas. Servem-se das técnicas conhecidas e exploram outras, à medida das suas legítimas conveniências. E há quem bata na mesma tecla por se saber, antecipadamente, que resulta. Hoje, numa superfície comercial, lá estavam, já, a árvore de natal e os anúncios da chegada do Pai Natal, carregado de prendas, julgo eu, para as crianças. Tudo certo. 
Acontece que eu fui educado e preparado para a festa do Menino Jesus, altura em que havia prendas, simples, para todos. A estória do Menino Jesus, que na minha primeira infância vinha sorrateiro deitar as prendas nos sapatos que ficavam na lareira, deixou-me cedo. A minha saudosa mãe foi-me encaminhando, pedagogicamente (sem nunca ter estudado tal coisa),  para a verdade: “Ao Menino Jesus apenas pedimos que nos dê saúde, a mim e ao pai, para podermos comprar o que nos faz falta.» E assim interiorizei… 
O Pai Natal foi inventado pelo comércio e ninguém morre por isso. As crianças (e até os mais velhos) precisam da fantasia, do sonho, de fadas e de princesas, de tudo, afinal, que possa enriquecer a imaginação, onde o belo e a bondade tenham lugar cativo. Todas as crianças hão de um dia, quando tiverem idade para isso, cair na realidade. E terão então muito tempo para acertarem o passo com este mundo tão cheio de contrastes. Nessa altura tudo se esvai, mas os sonhos e as fantasias continuarão. 

Fernando Martins

sábado, 24 de novembro de 2018

Prior Sardo, fundador e “rei”

Estátua do Prior Sardo 



Em artigo publicado em «O Ilhavense», no dia 1 de dezembro de 1958, o Padre Rezende afirma que o Prior Sardo «dava ordens e directrizes em que era obedecido sem restrições ou quaisquer objecções, criando por esta forma ambiente favorável à criação da freguesia, que ele desde há muito trazia em mente». Noutro passo do seu artigo, garante que o Prior Sardo era considerado «o rei daquelas terras», sendo o primeiro a entender, «diante de Deus e dos homens, que devia interferir oportunamente com a sua autorizada acção e eficaz campanha na independência desejada». Assim, «reconheceu a necessidade de ingressar nos segredos da política dominante e agir dentro dela, como era costume, naqueles tempos, qualquer entidade que solicitasse uma mercê». 

Fernando Martins 
in “Gafanha da Nazaré, 
100 anos de vida”, 
pág. 80-81.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Aveiro: Inauguração das Eclusas e Comportas

1985 
23 de novembro 


«Foi inaugurado em Aveiro o sistema de eclusas e comportas, de que resultou a manutenção do nível elevado da água nos canais citadinos da Ria» (Correio do Vouga e Litoral, 22 e 29-11-1985) 

“Calendário Histórico de Aveiro” 
de António Christo 
e João Gonçalves Gaspar 


NOTA: Quem hoje aprecia os canais da Ria de Aveiro, sobretudo o Canal Central, nem imagina a importância daquela inauguração. Com maré baixa,  a lama, carregada de lixo doméstico e outro, lançava um cheiro nauseabundo insuportável. O Canal Central era, realmente a maior lixeira das redondezas. Desde a inauguração das eclusas e comportas, os canais que atravessam a cidade passaram a ser um luxo e um motivo turístico.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

MEDITAÇÃO de Bernardo Santareno

Gostei de reler


«Se para lá do leito que limita este mar profundo, houvesse um outro mar ainda mais fundo e depois deste um terceiro e outro e outro…
se através de todos estes mares, eu fosse descendo em vertigem…
se assim descendo, me fosse esquecendo de ideias, imagens, desejos e afectos…
se depois do último mar, de mim restasse somente um simples ponto luminoso, brilhante num túnel de treva densa…
se eu vencesse a angústia, o terror, o desértico vazio deste túnel negro…
se eu suportasse o silêncio terrível desta noite cerrada e sem estrelas…:
Então, talvez eu pressentisse a madrugada que se evola do sorriso de Deus…
talvez eu ouvisse a Música inefável, oculta para lá do humano silêncio…
talvez eu fosse penetrado pela alegria de Deus, pela simples claridade de Deus: tão pura e tão simples, que nenhuma das palavras que os homens sabem a pode conter!...
Só então, ultrapassados abismos de mares sucessivos, perdido das minhas mãos e do fruto que as chama, cortadas as raízes da minha voz de sangue, separados os meus gestos das aves que os voam…
só então, aniquilado, perdido de mim, um simples ponto luminoso na treva mais absoluta…
só então, verei a luz virgem, oculta no riso de Deus!»

In “Nos mares do fim do mundo”, 
de Bernardo Santareno

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Teatro Aveirense foi reaberto há 69 anos

Um espaço que muito honra 
a cidade e as suas gentes 



Há espaços emblemáticos na cidade de Aveiro. O Teatro Aveirense é um deles. Enche a memória dos aveirenses e de quantos por ali passaram ao longo da vida. 
No dia de hoje, em 1949, há precisamente 69 anos, foi reaberto, após dois anos de profundas obras de modernização, conforme lembra o Calendário Histórico de Aveiro. Nesse dia, foi apresentada a revista “Esquimó Fresquinho” pela Companhia de Revistas do Teatro Maria Vitória. 
Entrar no Teatro Aveirense, só por si, é revisitar a sua história e lembrar momentos agradáveis que se não perdem com o tempo. É evocar cultura, arte, artistas, cerimónias cívicas, pessoas ilustres, enfim, tudo o que nos faz recordar um passado que precisa de ter continuidade, agora com novas formas. O Teatro Aveirense aí está, presentemente, como espaço que muito honra a cidade e as suas gentes. 

F. M. 

Reflexos de vida de Fernando Martins

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Fernando Martins

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