Os espaços comerciais fazem publicidade aos seus produtos, acentuadamente nas quadras festivas. Servem-se das técnicas conhecidas e exploram outras, à medida das suas legítimas conveniências. E há quem bata na mesma tecla por se saber, antecipadamente, que resulta. Hoje, numa superfície comercial, lá estavam, já, a árvore de natal e os anúncios da chegada do Pai Natal, carregado de prendas, julgo eu, para as crianças. Tudo certo.
Acontece que eu fui educado e preparado para a festa do Menino Jesus, altura em que havia prendas, simples, para todos. A estória do Menino Jesus, que na minha primeira infância vinha sorrateiro deitar as prendas nos sapatos que ficavam na lareira, deixou-me cedo. A minha saudosa mãe foi-me encaminhando, pedagogicamente (sem nunca ter estudado tal coisa), para a verdade: “Ao Menino Jesus apenas pedimos que nos dê saúde, a mim e ao pai, para podermos comprar o que nos faz falta.» E assim interiorizei…
O Pai Natal foi inventado pelo comércio e ninguém morre por isso. As crianças (e até os mais velhos) precisam da fantasia, do sonho, de fadas e de princesas, de tudo, afinal, que possa enriquecer a imaginação, onde o belo e a bondade tenham lugar cativo. Todas as crianças hão de um dia, quando tiverem idade para isso, cair na realidade. E terão então muito tempo para acertarem o passo com este mundo tão cheio de contrastes. Nessa altura tudo se esvai, mas os sonhos e as fantasias continuarão.
Fernando Martins
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