As minhas memórias continuarão no ciberespaço para quem apreciar o que nelas escrevi. A partir de hoje permanecerei apenas aqui.
Fernando Martins
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
sexta-feira, 26 de julho de 2019
As minhas praias... Sem ciúmes
Eu identifico-me, presentemente, com três praias: Barra, Costa Nova e Figueira da Foz. Gosto de outras, mas estas enchem-me as medidas por razões pessoais. Aqui ficam três fotos, com as legendas que justificam as minhas opções. Mas que fique claro: não quero que haja ciúmes entre as minhas três praias.
BARRA
Gosto da praia da Barra porque nasci a dois passos do seu mar e do seu areal. Desde tenra idade, identificava, na noite silenciosa, o som cadenciado das ondas a estenderem-se na praia, o trabalhar dos motores das traineiras a saírem para o mar, o rugido da ronca a anunciar nevoeiro na costa, a luz do farol com avisos à navegação. Agora, que preciso de caminhar, a praia da Barra dá-me a possibilidade de entrar no mar, um bom quilómetro, pelo molhe sul, para sentir distintamente a maresia, o palpitar do mar, ora sereno ora bravio. Mas ainda para me deliciar com horizontes largos, aqui e ali assinalados por navios que passam ao largo ou entram na barra.
COSTA NOVA
A Costa Nova também me está no sangue e na alma. Os sons confundem-se ou misturam-se, irmãmente, com os da Barra. E se o mar é o mesmo, a laguna que bordeja a povoação, com mais de 200 anos de vida, enche-me a alma de paz. Olhando-a, de pertinho, ali estão a beijar-nos os pés a sua água transparente, os seus barquinhos à vela que nos convidam para viagens de tranquilidade, os pescadores na safra que os alimenta, a vontade de dar um saltinho até às Gafanhas, com ponte à vista. Ao longo da ria, na Costa Nova, há sempre a possibilidade do encontro com outras gentes que procuram um ar cada dia diferente.
FIGUEIRA DA FOZ
A praia da Figueira da Foz (Buarcos na imagem) foi, para mim, uma conquista tardia. Nem por isso deixo de a admirar, como se pode e deve admirar uma terra com tradições antigas na arte de aproveitar o sol à beira-mar, sobretudo para a burguesia. Depois, e bem, democratizou-se, e hoje a praia da Figueira é de toda a gente. Aquela marginal a perder de vista, com areal de um lado e vida urbana do outro, com o oceano, ao longe, a desafiar-nos, tudo isto me encanta em dias de menos vento e de mais sol. Gosto de por ali caminhar, cruzando-me com quem passeia tranquilamente ou insiste em perder peso, com gente jovem e menos jovem, a pé ou de bicicleta e sempre com a serra da Boa Viagem à vista.
Fernando Martins
NOTA: Texto escrito em 2008
quarta-feira, 3 de julho de 2019
As Sete Vidas de Conímbriga
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(Fotos dos meus arquivos) |
A revista National Geographic deste mês oferece-nos uma bela reportagem sobre Conímbriga, com o título em epígrafe, comemorativa dos 120 anos depois da primeira escavação metódica daquelas ruínas que “desvendam segredos e desfazem mitos”. Tanto bastou para me lembrar de diversas visitas que fiz aquele espaço arqueológico com marcas indeléveis dos romanos. A reportagem é, para mim, muito importante porque, num grafismo bastante pedagógico, nos transporta ao tempo da ocupação romana, exibindo casario, ruas e gentes vestidas à moda daqueles tempos. Vê-se uma rua com os seus espaços comerciais, o povo que compra e vende, trajes garridos e na legenda sublinha-se que, “em 2018, foi inaugurado em Condeixa-a-Nova o Museu Portugal Romano em Sicó, que complementa a visita das ruínas com uma interpretação do mundo romano na fase do apogeu de Conímbriga”.
Para além dos achados que entretanto foram catalogados e postos à disposição dos apaixonados por estes temas do nosso antepassado remoto, pretendo apenas evocar uma visita que fiz a Conímbriga, com a garantia de que, numa próxima oportunidade, lá voltarei. Quem corre por gosto não cansa.
sexta-feira, 28 de junho de 2019
A nogueira do nosso quintal
Vezes sem conta já me acolhi à sombra desta nogueira que ano após ano nos garante nozes para uma época. Já tivemos outra que emparceirava com esta, mas tivemos de a cortar para a relva apanhar sol. Quando estou à sua sombra, sucedem-se histórias a ela ligadas, com décadas na minha memória. Dizem que as memórias muito antigas têm mais visibilidade na velhice das pessoas. É o caso.
Lembro-me como se fosse hoje: as duas nogueira, de uns dois palmos cada uma, foram-me oferecidas pela candura de um menino que foi meu aluno. Nunca percebi porquê, mas o certo é que vi naquele gesto uma sinceridade e uma amizade tão grandes que nunca mais saíram da minha vida. O menino era, e julgo que ainda é, o Agra, da Marinha Velha. Nunca mais o vi, como a tantos outros. Ou se vi, não o reconheci.
O Agra foi o mesmo menino que, num passeio escolar, foi acometido de uma grande dor de barriga, em Oliveira de Azeméis, que me obrigou a regressar apressado, com ele, de táxi, para ser internado no Hospital de Aveiro, onde foi operado a uma apendicite.
Pelo seu gesto e pela história de sucesso da sua primeira intervenção cirúrgica, fico grato à nossa nogueira.
Aqui fica uma saudação especial para o Agra e para a sua família.
Aqui fica uma saudação especial para o Agra e para a sua família.
Fernando Martins
quinta-feira, 27 de junho de 2019
Três dos meus amores
Os filhos e netos perpetuam-nos no mundo. O nosso ADN vai passar, se Deus quiser, de geração em geração. Até ao fim dos tempos. Vem isto a propósito do nosso neto Dinis ter passado uns dias connosco. Os outros, a Filipa e o Ricardo, passam por cá quando podem, o que é sempre uma alegria para os avós. E também para eles, afirmo-o sem ter dúvidas.
Hoje, na hora da partida, ao apreciar os sacos e malas das roupas e outras coisas, veio o desafio de registar em fotografia a carga que uma pessoa, mesmo pequena, carrega para uns simples dias de férias. E três dos meus amores sorriram perante os meus comentários. Eu, que sou do tempo em que nos governávamos com pouquíssima coisa, apenas o suficiente para a vida de há uns 70 anos, não posso deixar de evocar as alterações profundas que se têm verificado na sociedade ao longo das últimas gerações, a tantos níveis. Houve progressos nunca sonhados na minha meninice e formas de viver e de pensar que se impuseram como marcas civilizacionais que serão alicerces de mudanças em constante movimento. Penso que poucos terão grandes saudades dos tempos passados, para além dos mimos com que nos brindaram.
Nos sacos e sacolas, malas e maletas dos tempos atuais, não falta nada. Para uns dias, há roupa para as quatro estações, calçado variado, jogos e quebra-cabeças, cadernos e livros de estudo que nem são abertos, computador (Claro!) para imensos tempos livres. E na despedida, a avó até comentou: — nestas curtas férias, só foste regar uma vez; nem foste ao galinheiro buscar os ovos; nem construíste nada no quintal; na próxima visita, teremos de fazer um programa diferente.
Depois da fotografia, lá foi o Dinis com a mãe Aida. Alegres como sempre. E a casa ficou vazia.
Fernando Martins
sexta-feira, 7 de junho de 2019
A Gafanha da Nazaré precisa de um grupo de teatro
A Gafanha da Nazaré precisa, há muito, de um grupo de teatro com atividade regular. Eu sei que de quando em vez por aqui aparecem grupos que exibem, com alma e orgulho, o fruto do seu trabalho. Mas a cidade da Gafanha da Nazaré não pode apenas estar à espera dos outros, pondo de lado a arte de representar. Precisa, urgentemente, de um grupo de gente que dinamize o teatro, nas suas diversas expressões, porque artistas, disso estou certo, não faltarão.
Hoje mostro um cartaz de uma peça de teatro (O MAR, de Miguel Torga) que foi apresentada em 1974, no salão paroquial. Recordo os artistas, os técnicos e a alma de todo este trabalho, que foi o Humberto Rocha. Não seria tempo de alguém assumir a ressurreição do teatro na Gafanha da Nazaré?
Para que se não esqueçam todos os que participaram nesta peça de teatro, aqui ficam os seus nomes:
Artistas: Eva Gonçalves, Fátima Ramos, Irene Ribau, Eduarda Fernandes, Fátima Gonçalves, Dinis Ramos, José Alberto, Carlos Margaça, Horácio Bola, Carlos Bola, Herlander Loureiro, Alberto Margaça e Silvério Marçal.
Ensaiador, Augusto Fernandes; Encenador e Sonoplasta, Humberto Rocha; Luminotécnico, Eduardo Teixeira; e Contra-regra, Luís Miguel.
Fernando Martins
Nota: Escrevi este apelo em junho de 2006 e tudo se mantém como estava...
domingo, 5 de maio de 2019
A minha mãe Rosita Facica
Ninguém, por mais insensível que seja, pode ficar indiferente à sua mãe, presente no dia a dia de cada um, olhando os nossos passos, periclitantes no início da nossa existência, ou firmes e resolutos na vida ativa. À mãe devemos tudo: a vida, o falar, os primeiros passos inseguros, os cuidados ao longo da vida, o carinho e a ternura que nos tornam pessoas capazes de amar, a educação para a partilha solidária, a fé que nos ajudou a descobrir, enfim, tudo o que nos faz gente saudável de corpo e alma. E eu muito mais devo à minha saudosa mãe, que o povo tratava por Rosita Facica. Rosita porque era de estatura mediana e Facica por descender de um ramo familiar cujos apelidos, Francisco da Rocha, se propagaram nas Gafanhas. De Francisco surgiu o Facica.
A minha mãe nasceu em 23 de fevereiro de 1910 e faleceu em 15 de maio de 1994. Doente bastantes anos, esteve lúcida até morrer, o que aconteceu durante o almoço no Hospital de Aveiro.
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