Ó gafanhões da minha terra
De cá de longe, eu vos saúdo!...
Ó terra que eu amo, eu te saúdo.
Ó terra da boa gente!...
É o que diz quem o sabe,
E muito mais quem o sente.
Ó gafanhões da minha terra
De longe, vos venho saudar.
Com vossos apelidos e alcunhas
Mas a todos respeitar.
Com seus apelidos e alcunhas
Que já lhes vêm de seus avós,
Ninguém sabe donde lhes vieram,
E muito menos quem lhos pôs.
Alguns bastante engraçados
E até originais e bizarros
Tais como Cigarras ou Grilos
Salsas, Vinagres ou Cigarros
Bolas que não rolam nas Relvas,
Fidalgos sem fidalguias nem brasão
Reis, Condes e Marqueses
E até Frades sem gabão.
E que siga a Rusga e viva a Alegria
Com Guitarras e Violas, Fadistas e Cantadores
E Estanqueiros, Cordeiros e Parceiros,
E Carapelhos, Coelhos e… Caçadores.
Teixeiras, Casqueiras e Ferreiras
Camões, Camarões e Calções
Os Ribeiros, os Ribaus e os Maus
Esgueirões, Carranjões e Gafanhões.
Vergas, Peixotos e Calhotos
Caçoilos, Palhaços e Palhaças
Tavares, Tarrincas e Petingas
Mateiros, Mónicas e Margaças.
Páscoas, Dias e Santos
Rochas, Facicas e Barricas
Marques, Varetas e Maguetas
Piorros, Pônas, Laricas e Janicas.
Brancos, Louros e Russos,
Vechinas, Bichos e Bichões
Alhos, Labregos e Cagarutos
Pintos, Retintos e Cagões.
Patas, Penitates e Lourenços
Valentes, Vicentes e Ritos
Torres, Píncaros e Ramos
Cravos, Flores e Bonitos.
Alcatrazes, Maçaricos e Gaivotas
Melros, Piscos e Cucos
Roques, Rolas e Rolos
Raposas, Zanagos e Zucos.
Albuquerques, Alves e Almeidas
Catraios, Catarréus e Catarinos
Serrões, Guerras e Serras
Tomazes e Ferrazes, Cirinos e Marcelinos.
Sousas, Soares e Sardos
Guinchos, Gulaimos e Perselhas
Sarabandos, Estudantes e Galantes
Anastácios, Garcês e Garrelhas.
Carecas, Caleiros e Calistos
Barba Azul, Pinhos e Gandarinhos
Mateus, Matias, Matos e Ratos
Vidreiros, Vieiras e Vilarinhos.
Calores, Neves e Geadas
Covas, Calatrós e Serafins
Bisas, Brióis e Serapões
Martinhos, Martelos e Martins.
Caixotes, Loureiros e Monteiros
Marçalos, Arrais e Morais
E com Lopes, Lés e Cafés,
Serão ainda muitos mais.
E ainda Silvas e mais Silvas
Com Carvalhos, Nogueiras e Pereiras
Figueiras, Macieiras e Salgueiros,
E a grande floresta de Oliveiras.
Não é possível contar-vos a todos
Por ser elevado o número. Contudo…
Ó gafanhões da minha terra,
Com todo o respeito, daqui de longe, vos saúdo.
António Augusto Afonso
NOTA: Recordando um amigo já no seio de Deus
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