sexta-feira, 28 de junho de 2019

A nogueira do nosso quintal


Vezes sem conta já me acolhi à sombra desta nogueira que ano após ano nos garante nozes para uma época. Já tivemos outra que emparceirava com esta, mas tivemos de a cortar para a relva apanhar sol. Quando estou à sua sombra, sucedem-se histórias a ela ligadas, com décadas na minha memória. Dizem que as memórias muito antigas têm mais visibilidade na velhice das pessoas. É o caso. 
Lembro-me como se fosse hoje: as duas nogueira, de uns dois palmos cada uma, foram-me oferecidas pela candura de um menino que foi meu aluno. Nunca percebi porquê, mas o certo é que vi naquele gesto uma sinceridade e uma amizade tão grandes que nunca mais saíram da minha vida. O menino era, e julgo que ainda é, o Agra, da Marinha Velha. Nunca mais o vi, como a tantos outros. Ou se vi, não o reconheci. 
O Agra foi o mesmo menino que, num passeio escolar, foi acometido de uma grande dor de barriga,  em Oliveira de Azeméis, que me obrigou a regressar apressado, com ele,  de táxi, para ser internado no Hospital de Aveiro, onde foi operado a uma apendicite. 
Pelo seu gesto e pela história de sucesso da sua primeira intervenção cirúrgica, fico grato à nossa nogueira.
Aqui fica uma saudação especial para o Agra e para a sua família. 

Fernando Martins 

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Três dos meus amores



Os filhos e netos perpetuam-nos no mundo. O nosso ADN vai passar, se Deus quiser, de geração em geração. Até ao fim dos tempos. Vem isto a propósito do nosso neto Dinis ter passado uns dias connosco. Os outros, a Filipa e o Ricardo, passam por cá quando podem, o que  é sempre uma alegria para os avós. E também para eles, afirmo-o sem ter dúvidas. 
Hoje, na hora da partida, ao apreciar os sacos e malas das roupas e outras coisas, veio o desafio de registar em fotografia a carga que uma pessoa, mesmo pequena, carrega para uns simples dias de férias.  E três dos meus amores sorriram perante os meus comentários. Eu, que sou do tempo em que nos governávamos com pouquíssima coisa, apenas o suficiente para a vida de há uns 70 anos, não posso deixar de evocar as alterações profundas que se têm verificado na sociedade ao longo das últimas gerações, a tantos níveis.  Houve progressos nunca sonhados na minha meninice e formas de viver e de pensar  que se impuseram como marcas civilizacionais que serão alicerces de mudanças em constante movimento. Penso que poucos terão grandes saudades dos tempos passados, para além dos mimos com que nos brindaram.
Nos sacos e sacolas, malas e maletas dos tempos atuais, não falta nada. Para uns dias, há roupa para as quatro estações, calçado variado, jogos e quebra-cabeças, cadernos e livros de estudo que nem são abertos, computador (Claro!) para imensos tempos livres. E na despedida, a avó até comentou: — nestas curtas férias, só foste regar uma vez; nem foste ao galinheiro buscar os ovos; nem construíste nada no quintal; na próxima visita, teremos de fazer um programa diferente. 
Depois da fotografia, lá foi o Dinis com a mãe Aida. Alegres como sempre. E a  casa ficou vazia. 

Fernando Martins

sexta-feira, 7 de junho de 2019

A Gafanha da Nazaré precisa de um grupo de teatro




A Gafanha da Nazaré precisa, há muito, de um grupo de teatro com atividade regular. Eu sei que de quando em vez por aqui aparecem grupos que exibem, com alma e orgulho, o fruto do seu trabalho. Mas a cidade da Gafanha da Nazaré não pode apenas estar à espera dos outros, pondo de lado a arte de representar. Precisa, urgentemente, de um grupo de gente que dinamize o teatro, nas suas diversas expressões, porque artistas, disso estou certo, não faltarão. 
Hoje mostro um cartaz de uma peça de teatro (O MAR, de Miguel Torga) que foi apresentada em 1974, no salão paroquial. Recordo os artistas, os técnicos e a alma de todo este trabalho, que foi o Humberto Rocha. Não seria tempo de alguém assumir a ressurreição do teatro na Gafanha da Nazaré? 
Para que se não esqueçam todos os que participaram nesta peça de teatro, aqui ficam os seus nomes: 
Artistas: Eva Gonçalves, Fátima Ramos, Irene Ribau, Eduarda Fernandes, Fátima Gonçalves, Dinis Ramos, José Alberto, Carlos Margaça, Horácio Bola, Carlos Bola, Herlander Loureiro, Alberto Margaça e Silvério Marçal. 

Ensaiador, Augusto Fernandes; Encenador e Sonoplasta, Humberto Rocha; Luminotécnico, Eduardo Teixeira; e Contra-regra, Luís Miguel. 

Fernando Martins

Nota: Escrevi este apelo em junho de 2006 e tudo se mantém como estava... 

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