A minha primeira escola, hoje oficina de bicicletas e motorizadas |
Ao olhar para a minha vida académica, repleta de professores
que admirei, a minha memória fixa-se em muitos que de várias formas me
instruíram e educaram desde que ingressei na escola da Cambeia. E se ao longo
da minha existência tive a felicidade de aprender muito com muitos professores,
não tenho dúvidas em optar pelo primeiro, ao jeito do primeiro amor, o tal que
nunca se esquece.
O meu primeiro professor foi Manuel Joaquim Ribau, conhecido
por professor Ribau. Homem inteligente, culto, compreensivo, paciente e
generoso que lecionou muitos anos na Gafanha da Nazaré.
Tinha quatro classes, não havendo lugar para todos os
alunos. Os da primeira sentavam-se no chão as mais das vezes. Com ele aprendi
as primeiras letras e os primeiros algarismos desenhados no quadro preto.
Depois a leitura, as cópias, os ditados, a gramática, a aritmética, a
geografia, a história, o desenho...
Mais tarde, recorri aos seus conselhos. Era preciso, semana
a semana, elaborar um texto que abordasse um caso vivenciado por cada aluno. A
professora da escola preparatória enervava-se um pouco com «levantei-me,
vesti-me e calcei-me, almocei e fui à missa com minha mãe…». Eu desejei fugir
ao trivial.
Consultei o professor Ribau que me aconselhou a ler durante
cada semana uma brochura dedicada a estórias da nossa história. Depois apresentaria
um resumo. Mostrei-lhe o primeiro e ele gostou. A professora também gostou. E
assim passei uns dois anos a ler e a resumir. E o gosto pela leitura, pela
escrita e pela história tomou-me até hoje.
Fernando Martins
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