quinta-feira, 24 de agosto de 2023

A mulher adúltera

Cristo e a acusada de adultério,  Bruegel, o Velho, 1565
 


A MULHER ADÚLTERA

O que escreveu na areia?,
ainda hoje se pergunta,
e são várias as vozes
dos que depois vieram,
legislando,

como os que estão aí,
calçados e erguidos
acima do degrau

Conseguiriam ler o que dizia a areia,
os que ali estavam?,

Soube-o ela?, as suas mãos cruzadas
sobre o ventre, a cabeça inclinada
gentilmente

Ou souberam-no as pedras
que se veem ainda pelo chão?,
aos pés dos fariseus
e dos escribas

as pedras, que não morrem,
mas possuem o poder de
matar

mulheres 

ainda hoje


Do Livro ÁGORA de Maria Luísa Amaral



NOTA: Em maré de ler poesia, que o tempo dá para tudo, aqui partilho um poema de Maria Luísa Amaral, cuja leitura recomendo.


quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Afonso Lopes Vieira - Poeta




 Gosto de Afonso Lopes Vieira como de muitos outros poetas ou escritores. Hoje, porém, regresso a este curto poema que me diz muito. Penso como ele. Quando eu morrer, o que vai ser feito dos objetos de meu uso, particularmente dos livros que li e guardei religiosamente? Não são muitos, mas são os meus livros.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Recordações da Madeira


Se há passeios que nos marcam, pela positiva, a visita que fiz há muitos anos à Ilha da Madeira, a pérola do oceano para muitos, ficou-me na memória. E o sonho de voltar esvaiu-se como o fumo. Mas se não pude voltar, tenho o privilégio de reter na minha alma o prazer que me deu a primeira e última viagem que pude realizar à nossa ilha encantada. Projetos não faltaram, mas a concretização dos mesmos nunca mais foi possível.
Recordo hoje a ilha que vi como um jardim florido e viçoso, com um  povo acolhedor. Tudo era belo para quem chegava.
Em carro alugado andámos por todo o lado com a Lita ao volante, subimos e descemos até recantos de meter medo, vimos paisagens nunca imaginadas e cruzámo-nos com turistas em cada esquina
De lá trouxemos a lhaneza dos madeirenses, os serviços turísticos perfeitos, o sabor inigualável do peixe fresco e a cultura de tradições centenárias.
Na altura havia a azáfama das autoestradas e túneis que aproximavam terras e pessoas. Estivemos no Curral das Freiras, depois de descer, para depois subir, por estrada estreita cheia de curvas e com desfiladeiros assustadores.
De tal modo gostei da Madeira que prometi a mim mesmo que voltaria. Mas afinal não voltei e o tempo, inexorável, não perdoa.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Camarinhas

Em Agosto de 2012, mãe e filha, Lita e Aida, apanhavam camarinhas, num pinhal à beira da estrada, a caminho da Praia de Vieira. Será que ainda há esse hábito?
Na minha meninice e juventude as camarinhas apanhavam-se na Mata de São Jacinto, aos domingos, dia livre para algumas tarefas e passeios, normalmente em grupos. Não consta que houvesse camarinhas na Mata da Gafanha.







sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Serra da Boa Viagem - Memorial Floresta


Quando passeio gosto sempre de conhecer e registar o que mais me impressiona. No cimo da Serra da Boa Viagem, na Figueira da Foz,  que já não visito há anos,  fotografei este memorial que enaltece a homenagem a todos quantos têm demonstrado a sensibilidade para interpretar a floresta nas suas diferentes e múltiplas facetas.

sábado, 12 de agosto de 2023

Férias em tempos difíceis



O isolamento, à partida, não é saudável. Eu sei que a solidão pode ser procurada e até desejada. Porém, os convívios são fundamentais à vida, porque homens e mulheres são seres sociáveis. Vivem e convivem uns com os outros, preferencialmente apoiados nos princípios do amor, da amizade, da solidariedade e da fraternidade.
O verão transporta sempre, com o seu calor benfazejo, um convite à partilha de sentimentos e emoções, principalmente quando estamos unidos. Para isso, aconselhamos a organização de piquenique e passeios de bicicleta, nas nossas matas e jardins que ostentem condições de higiene e segurança, ambientais e paisagísticas de relevo. No nosso município há muitas ofertas que todos podemos usufruir.

NOTA: Texto publicado há anos. 

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Figueira da Foz - Havanesa

Memórias de há 23 anos 

Desde que me habituei a passar uns dias na Figueira da Foz, já lá vão 23 anos, a visita à Livraria Havanesa era obrigatória. Os livros sempre me atraíram e ali encontrava uma gerente e funcionárias acolhedoras, sobretudo a primeira, que sabia sugerir leituras interessantes e até importantes, tanto da literatura como sobre a Figueira da Foz. Pude confirmar que por ali passava a elite intelectual da terra e não só. Os visitantes, de passagem ou de férias, conversavam com ela de vivências de anos passados e notava-se, com facilidade, uma natural cumplicidade cultural. Eu não passava de mero observador e na Havanesa identifiquei personalidades da vida literária e não só.
Já não ia à Figueira há uns tempos e das últimas vezes, por dificuldades de locomoção, que as pernas não gostam muito de subidas e descidas, não passei pela Havanesa, pelo que ontem fiquei surpreendido. A Havanesa tinha mudado de gerência e deixou de ser aquele ponto de encontro de amigos de livros, que se cruzavam  ao balcão para uma troca de impressões sobre a Figueira e literaturas. 
A surpresa, contudo, foi agradável. Se a venda de livros se democratizou, se as livrarias clássicas perderam na competição comercial com as grandes superfícies e com os grandes grupos económicos que tudo dominam com as suas campanhas de promoções desenfreadas, então os responsáveis pela Havanesa deram um salto qualificativo, transformando-a em restaurante, café e bar, mantendo livros como aperitivos. Ontem estava na hora de regresso à Gafanha da Nazaré, mas prometo voltar, para comprar livros, meu prazer de há muito, mas ainda para saborear uns petiscos, de que sou um apreciador certo, mas comedido.

Fernando Martins

Nota: O texto foi atualizado no número de anos.

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