terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O meu recanto e a planta de minha mãe




Gosto do meu recanto criado no sótão. Ali, depois de subir degrau a degrau, agarrado ao  corrimão, isolado do burburinho caseiro, leio tranquilamente, sem nada que me possa perturbar. Só há uma janela  para ver a paisagem, pela qual vejo ao longe a mata da Gafanha, que vi crescer desde a minha infância. Silêncio de ouro. Nem sombra de gente e de carros, nem o sol do entardecer a pousar no mar, nem o chilrear da passarada, apenas a chuva que marca o ritmo no telhado de chapa ensanduichada. 
Na minha frente, ao lado da janela, há uma planta herdada de minha saudosa mãe. Até parece que a estou a ouvir: “Rega-me essa planta; não vez que está a precisar de água?” 
Levanto-me, pressuroso, e confirmo. Pego na garrafa, sempre disponível, e rego a planta que minha mãe nos deixou. 

F. M.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Aveiro - As Pirâmides - 1930


Esta foto, da década de 30 do século passado, estava entre a minha papelada à espera de ser encontrada e tonada pública. Há muitas semelhantes, todos sabemos, mas esta teve o privilégio de cair nas minhas mãos, decerto a pensar que um dia voltaria a ver a luz do dia, para mostrar às novas gerações que o tempo do preto e branco, o mais natural, predominava. Contudo, não falta quem tenha preferência por esta técnica fotográfica, mais ao gosto, julgo eu, dos amadores da fotografia. Terão, as fotos, outra alma? 
A fotografia, como sempre, não engana ninguém. As pirâmides lá estão a marcar a paisagem e a dar nome ao lugar, que todos os aveirenses conhecem: "As Pirâmides". 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Grandes Veleiros

Veleiro no Porto de Aveiro
Como nado e criado com ria e mar à vista, gosto de veleiros, navios e barquinhos. Daí o ter ficado encantado quando os grandes veleiros nos visitaram, atraindo, num cálculo a esmo, milhares de visitantes, um pouco de todo o país. E de vez em quando, surgem na minha memória imagens que o tempo não consegue apagar nem esmaecer. 
Hoje fica no meu blogue este imponente veleiro, na esperança de que outros, de vários quadrantes, nos visitem em breve, para gáudio de todos nós. 

F. M. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Eu sou do tempo disto... A Guarita


Eu sou do tempo disto. A Guarita, não sendo um monumento nacional, era um monumento com lugar garantido nas minhas memórias e de muitos da minha geração. Assisti à sua degradação, porventura a caminho do fim sem honra nem glória. Tinha cumprido a sua missão e, como tudo o que já não faz sentido, o seu fim estava traçado. Hoje, temos uma cópia na Jardim Oudinot, graças a entidades com mais sensibilidade e bom gosto.
Quando era miúdo, tantas vezes por ali andei, a pé ou de bicicleta. Sozinho ou acompanhado. Via gente a apanhar recebolo para os porcos. Diziam que a carne dos suínos tinha outro sabor. Teria? Não faço ideia, mas acredito no saber de experiência feito.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Recordações de Arganil em 2005



Arganil, com registo de nascimento anterior à nacionalidade portuguesa (o seu primeiro foral data de 1114 e foi-lhe concedido por D. Gonçalo, Bispo de Coimbra), é um pedaço do nosso passado coletivo e da nossa cultura. A sua beleza é indiscutível, ou não fosse a vila envolvida por serranias a perder de vista, com penhascos de recorte caprichoso a oferecerem-lhe e a oferecerem-nos paisagens inesquecíveis. 
Da sua história, respigamos a necrópole megalítica da Lomba do Canho, que uma guarnição romana ocupou muitos séculos depois, o Mosteiro de Arganil, de que se fala desde 1086, as festas e inúmeros monumentos de épocas diversas, e a gastronomia, de sempre: o cabrito assado, o arroz de miúdos, o pão caseiro e a tigelada, decerto criada no Mosteiro de Folques, no século XVII. 
Logo à entrada, recebe-nos a capela de S. Pedro (dos finais do século XIII), verdadeira jóia do Gótico. Fechada ao público, só pudemos apreciar o seu exterior, o mesmo tendo acontecido com a matriz. Já a igreja da Misericórdia, pequena e bonita, com o seu altar e trono a surpreenderem-nos pela singularidade da beleza que ostentam, encantou-nos. Um órgão de tubos, enorme em relação ao templo, afinado e com óptimo som, como nos testemunhou uma devota residente, e o púlpito de antanho exibem o cuidado com que tudo ali é tratado.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Caramulo - Curva na estrada


Serra do Caramulo. Curva da estrada. Aldeia à vista. A energia graças ao vento. Pedras soltas. A montanha desafiante. Convite para um passeio. Venha a primavera. Fico à espera. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Gafanhoa de antigamente


Há anos, alguém teve a gentileza de me oferecer esta fotografia, como sendo de uma gafanhoa dos tempos dos nossos avós. Por essa altura, ainda conheci muitas velhinhas que se vestiam assim, sobretudo se eram viúvas. Depois, as mulheres deixaram de usar chapelinho (acho que era assim que se chamava) e o xaile também passou de moda. Esta velhinha, de luto pesado, com chanatos, meias grossas, saia e blusa pretas e avental da mesma cor, com lenço a cobrir todo o cabelo, era, realmente, uma mulher conformada com a vida. Haja uma, ao menos, que se apresente assim no nosso Etnográfico. Mas que não seja uma moça jovem, que naqueles tempos as raparigas já não se apresentavam desta maneira.

Reflexos de vida de Fernando Martins

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Fernando Martins

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