Tenho andado assim. Será da chuva? Será do vento? Será do frio? Das gentes não será certamente. Será talvez da melancolia, que, sem dar por ela, me deixa cabisbaixo e pensativo. Seja disto ou aquilo, uma coisa é certa: vou pôr de lado o tom magoado da pedra chorosa. A alegria tem de prevalecer.
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
Gosto dos moliceiros
Gosto dos moliceiros que outrora dominavam os canais lagunares. E quando navegavam à vela, quase deitados de lado sobre a tranquilidade da ria, dominados por homens do leme com o saber de experiência feito, então a paisagem tornava-se deslumbrante.
Hoje, arredados que foram das fainas da apanha do moliço, sobrevivem na área do turismo, não só para forasteiros darem umas voltinhas, mas também para nós, os mais idosos, podermos alimentar as nossas saudades de tempos que não podem voltar.
Boa semana para todos, com ou sem moliceiros à vista.
Fernando Martins
domingo, 11 de novembro de 2018
Imagens do Jardim Oudinot
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
Memórias da “Praia do Farol” (3)
Quando eu era miúdo e jovem, o São João era festejado na Praia do Farol, com muita devoção. Era uma festa diferente das que hoje se fazem, quando se fazem. Presentemente, quando se fala do São João da Barra, fala-se de uma sardinhada com boroa e bem regada, com música gravada ou de conjunto musical. E fica-se por aí, mais ou menos. Mas antigamente era muito diferente.
À minha memória vêm logo os romeiros que a pé, de bicicleta ou de carro se deslocavam para junto da capelinha do São João, vindos de perto e de longe, sendo muito frequente a oferta de cravos (flores) ao santo milagreiro que tirava os cravos ou verrugas dos dedos das mãos. Esta crença vem de tempos que não posso precisar, mas sei que perdurou pelos tempos fora, até que passou de moda. Confesso que não sei se esta fé nos milagres atribuídos a São João Batista (ou por seu intermédio, junto de Deus) existia noutras terras.
Nos meus tempos de menino e moço, porém, era certo e sabido que muita gente tinha os tais cravos ou verrugas sobretudo nos dedos das mãos, o que não era nada agradável, diga-se de passagem. Não sei se por falta de higiene se por outro motivo. Contudo, os cravos ou verrugas acabavam por desaparecer tão depressa como depressa apareciam. E neste vaivém os cravos incomodavam o pessoal, sobretudo os jovens. E daí as promessas.
Penso que os médicos terão elucidado os crentes e neste ínterim começaram a escassear as promessas. E acabaram os cravos (flores) oferecidos ao nosso São João da Barra. Mas é natural que um ou outro devoto ainda entre na pequena igreja do São João, ali bem perto do Farol, para ofertar cravos ao parente de Jesus Cristo, o chamado precursor do nosso Salvador.
Fernando Martins
Nota: Sobre a chamada capela de São João da Barra, farei uma nota brevemente.
terça-feira, 6 de novembro de 2018
Cores da Torreira
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| Foto registada há sete anos |
As cores da Torreira estão sempre na minha memória. Há anos, a família tinha uma indisfarçável atração pela praia da Torreira, no concelho da Murtosa. Íamos lá com frequência, mas no verão as visitas eram mais frequentes. E daí me ficaram imagens que ainda hoje ocupam um lugar especial na minha memória. Terra por onde passe, é certo e sabido que sempre haverá algo que me prenda ao que vi e senti.
Da Torreira, ficaram-me as cores do céu e da ria, mas também os barcos dos pescadores e os olhares das pessoas, pobres ou ricas. Ainda o cheiro da maré que sobe e desce, ciclicamente, há muitos séculos. Um dia estive com um amigo muito ligado àquela praia e um pouco dela falámos. Tanto bastou para esta simples recordação que me há de levar um dia destes até lá. Que o tempo melhore e me permita viajar para confirmar as cores, os ares e os cheiros da maresia.
segunda-feira, 5 de novembro de 2018
Ruas e ruelas, becos e avenidas da nossa terra
As nossas terras estão cheias de ruas e ruelas, becos e praças, avenidas e alamedas que se cruzam e entrecruzam, bem alinhadas, umas, ou ao deus-dará, outras. As razões são as mais diversas. Todas ou quase todas foram batizadas com nomes que, de alguma forma, justificaram a escolha das autarquias, responsáveis por essa tarefa.
Temos de reconhecer, porém, que nem sempre será fácil conhecer e até aceitar os nomes das personalidades selecionadas para darem o nome a esses espaços públicos de utilização diária pelas pessoas e veículos. Daí a minha ideia de convidar os meus leitores a escreverem, cada um sobre a sua rua, ruela, praça, avenida ou alameda.
Fico à espera.
Fico à espera.
Fernando Martins
A minha rua: Rua Almeida Garrett
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| A minha rua (foto do meu arquivo). A minha casa é a do lado direito, com grades e flores a desejarem saltar para a rua |
Moro na Rua Almeida Garrett. Já foi ou ainda é travessa Almeida Garrett. Também foi Almeida Garret e Almeida Garrett, ao mesmo tempo. Com erro só com um “t”. De qualquer modo, e apesar do erro que engana quem nunca ouviu falar ou escreveu corretamente o nome de um grande vulto das nossas letras, gosto dela, porque a vi nascer. É uma rua direita e tranquila. Todos os vizinhos são amigos e gente muito boa.
Quando eu era menino, era um caminho de areia por onde circulavam os carros de vacas carregados de esterco ou de moliço a caminho das terras de cultura. No regresso vinham com erva, milho, feijões e batatas. As alfaias agrícolas ocupavam o seu espaço. E ainda havia lugar sentado para quem ia ou vinha dos campos. O gado estava tão treinado que até conhecia, sem qualquer indicação do condutor, os caminhos das terras e de casa.
O rodado dos carros tornara duro o caminho. Mas no inverno a água da chuva complicava a vida às pessoas e aos animais. Ao lado do caminho, do nascente, havia uma vala-mestra. Chama-se vala-mestra porque recebia águas pluviais de outras valas mais pequenas.
A vala-mestra encarregava-se de levar as águas para a ria. Nos invernos mais chuvosos a vala parecia um rio, tal a força da corrente. E nas marés-cheias, a vala transbordava e tudo ficava alagado. Cheguei a não poder sair de casa. Quando a maré descia, as coisas melhoravam e voltavam à normalidade. Por vezes ficavam enormes charcos que prejudicavam as culturas. O povo até dizia que as batatas plantadas tinham morrido afogadas.
Depois o caminho foi ensaibrado e somente após o 25 de Abril a rua viu o alcatrão, em data que não posso precisar. Mais tarde, na vala-mestra foram aplicadas manilhas e, ao contrário do que se podia esperar, não mais houve alagamentos significativos.
Com a história da minha rua, abreviada, como não podia deixar de ser, já me esquecia de falar de um dos grandes vultos das letras portuguesas, que viveu entre 1799 e 1854. Foi um escritor e homem público multifacetado: poeta, dramaturgo Par do Reino, ministro. Foi um romântico e o grande reformador do teatro português. Quem há por aí que não conheça Frei Luís de Sousa, Folhas Caídas e Viagens na Minha Terra? E quem de Ílhavo, e não só, desconhece, nesta última obra, o célebre debate que pôs frente a frente um ílhavo e um ribatejano, cada um apresentando-se como o mais valente? E não foi o ílhavo que levou a melhor, com a sua coragem frente ao mar, contra o ribatejano frente ao toiro?
Fernando Martins
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