Por estar por aqui fechado, que o tempo não me liberta, tive hoje vontade de sair para ver o mar e o nosso farol. Não fui, é certo, mas há sempre formas de contornar as dificuldades. Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha até ele. E assim, recorrendo aos meus arquivos, que felizmente não faltam, aqui está uma forma de matar saudades. A fotografia não terá nada de especial, mas tem o condão de me lembrar o que há de bonito nesta terra que me viu nascer há tanto tempo. E a primavera não vem a caminho?
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Memórias da “Praia do Farol” (1)
Recordo com a nitidez possível e a verdade da minha memória a primeira vez que vi o Farol e o então Lugar do Farol, antes de me habituar ao topónimo atual de Praia da Barra. Foi antes do final da II Guerra Mundial (1939-1945). Teria eu, que nasci em 1938, uns seis anitos ou pouco mais.
Com a minha mãe lá fomos a pé encomendar pão a uma padaria que existia ao lado do Farol e à mercearia e pensão do Senhor Mourinho. O racionamento imposto por Salazar, em consequência da neutralidade estabelecida pelo governo, levava a que as famílias procurassem abastecer-se de alguns bens onde fosse possível. Recordo a escassez de açúcar, azeite e outros produtos alimentares.
Fiquei extasiado quando olhei para o Farol, tão alto era ele, coisa nunca vista por mim, pouco viajado, cujos horizontes me limitavam ao adro da igreja e à mata da Gafanha, onde minha mãe ia lavar a roupa, por tão límpida ser a água de um poço aberto em qualquer altura, nos areais, junto aos pinheiros. Eram zonas dunares, iguais às que ficavam perto do mar.
E se o Farol me deixou extasiado, imagine-se como terei ficado ao olhar para a imensidão do mar. Olhava… olhava nem sei à procura de quê, e só via água, espumas e ondas que amansavam quando se estendiam no areal, como que a descansar depois de longa viagem. E regressei a casa com desejos de voltar.
Penso que foi a partir dessa visita que me habituei a ver a luz que segundos a segundos nos alertava para a existência do Farol. Terei ficado a saber que a luz servia para avisar os navegadores de que ali havia terra e barra de entrada de navios. E a ronca que me acompanhou em tantas noites sem sono e em madrugadas brumosas.
Fernando Martins
Farol da Barra de Aveiro
Um ex-líbris da Região de Aveiro
Farol em construção |
O Farol da Barra de Aveiro, situado em pleno concelho de Ílhavo, na Gafanha da Nazaré, é um ex-líbris da região aveirense. Imponente, não há por aí quem o não conheça como o mais alto de Portugal e um dos mais altos da Europa. Já centenário, faz parte do imaginário de quem visita a Praia da Barra.
Quem chega, não pode deixar de ficar extasiado e com desejos, legítimos, de subir ao varandim do topo, para daí poder desfrutar de paisagens únicas, com mar sem fim, laguna, povoações à volta e ao longe a dominar os horizontes, os contornos sombrios das serras de perto e mais distantes.
À noite, o seu foco luminoso, rodopiante e cadenciado, atrai todos os olhares, mesmo os mais distraídos, tal a sua força. Mas são os navegantes, os que podem correr perigos ou desejam chegar à Barra de Aveiro em segurança, os que mais o apreciam, sem dúvida.
Ora, esse foco, que começou por ser alimentado a petróleo, passou a beneficiar da energia elétrica em 1936 (sistema eletrogéneo), completando este ano 122 anos de existência. Bonita idade para tal melhoramento merecer ser assinalado, embora de forma simples.
Se tem lógica e algum merecimento a recordação dessa efeméride, não deixa de ser oportuno e justo lembrar que este ano também se podem celebrar os 159 anos da portaria do ministro das Obras Públicas, engenheiro António Maria de Fontes Pereira de Melo, assinado em 28 de janeiro de 1856 e dirigida ao diretor das obras públicas do Distrito de Aveiro, engenheiro Silvério Pereira da Silva, que dá orientações para se avançar, rumo à futura construção do nosso Farol.
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