segunda-feira, 16 de outubro de 2023

A SEGUNDA GRANDE GUERRA

O velho edifício da Escola da Cambeia, onde eu estudei.
Dois terços eram ocupados pelos alunos e um terço pelas alunas.
Nem todas frequentaram a 4.ª classe, por não ser obrigatório.  

Desde que nasci, em 1938, cedo comecei a ouvir falar da guerra e a sofrer as consequências dos conflitos. Só tenho memórias a partir dos meus 5 anos, como é normal entre as pessoas e em  1943/4 recordo um facto relacionado com o padeiro que nos vendia o pão fresco para o pequeno-almoço e para a merenda. O padeiro perguntou-me se a minha mãe tenha milho em alguma caixa e eu, ingenuamente, disse-lhe que tinha duas caixas cheias. Ele pegou-me na saca do pão e devolveu-ma vazia. De nada valeram os protestos da minha mãe e foram duas tias  que passaram a ceder-nos os pães de trigo.
Anos depois, soube que Portugal não entrou na guerra em troca do fornecimento de alimentos. E os agricultores tinham de manifestar junto do Regedor a produção das suas culturas, sobe pena de castigos.
Compreender-se-á, facilmente, que a fome grassava em Portugal, ou não a tivesse visto entre trabalhadores humildes de pé descalço, de mulheres que trabalhavam na agricultura de pequenos e grandes lavradores, de sol a sol, quer chovesse ou debaixo de sol escaldante.
Estas trabalhadoras agrícolas da nossa Gafanha eram, realmente, umas sacrificadas: Eram normalmente casadas, tinham vários filhos e os maridos trabalhavam no mar, na ria e em algumas empresas da nossa terra. As suas habitações eram modestas e os que ficavam com a quarta classe eram os melhores  As meninas estudavam até a terceira classe. Eram raras as que prosseguiam estudos depois do exame da quarta classe, que tinham de o fazer.
Da minha quarta classe, dois colegas foram para o seminário, como internos, deslocados das famílias e do mundo real. Eu segui para a Escola Comercial.

F. M. 

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