Evocando o primeiro bispo
com quem falei
com quem falei
Tendo sido Bispo Auxiliar de D. João Evangelista durante cinco anos, após o seu falecimento foi nomeado Bispo Residencial de Aveiro em 11 de Agosto de 1958. Dele disse, D. João, quando, como Bispo Auxiliar, D. Domingos chegou à nossa Diocese: «Tu serás a luz dos meus olhos, ó doce irmão, tu serás, ó forte amparo, o báculo da minha velhice.»
D. Domingos, na sua primeira carta pastoral, define como prioridades para o seu trabalho «os problemas do clero, do apostolado, da caridade e da educação cristã». Promove o apostolado dos leigos, com base nas estruturas da Ação Católica e da Catequese, ao mesmo tempo que incentiva a formação dos catequistas.
Dele guardo recordações da minha participação nas Semana de Estudos Pastorais, destinadas a sacerdotes e leigos, e da sua intervenção pastoral que o levava a visitar, quantas vezes inesperadamente, as paróquias carecidas do seu estímulo e da sua presença, qual pai atento às dificuldades dos seus filhos.
Numa ação que se realizou no Seminário de Aveiro, em que eu participei, tinha então vinte e poucos anos, falei pela primeira vez com ele. Foi, curiosamente, ou talvez não, a primeira vez que falei com um bispo. Na altura, nós, os leigos, olhávamos para os bispos como se eles tivessem auréola com direito a trono. Esta afirmação pode parecer excessiva, mas para mim e para outros era mesmo como digo.
Entrei no salão de seminário, depois de um intervalo. O salão ainda estava com pouca gente. E D. Domingos faz-me um sinal para que me aproximasse. Fiquei um pouco receoso e lá respondi às suas perguntas, dando a minha opinião sobre o que tinha ouvido. Elle então dirigiu-me palavras de incentivo, para que continuasse na Ação Católica. Perdi o medo e tirei da minha imaginação as auréolas dos bispos.
Faleceu inesperadamente, de problemas cardíacos, em 21 de Janeiro de 1962. De D. Domingo disse o seu sucessor, D. Manuel de Almeida Trindade: «A acção do meu imediato antecessor foi um sopro de espírito, pleno de entusiasmo e de dinamismo em toda a vida da Diocese.»
Fernando Martins
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