Manuel Vilarinho foi pioneiro entre nós
Na década de 40 do século passado, por iniciativa de Manuel Maria Fidalgo Vilarinho, as ideias evangélicas relacionadas com correntes cristãs desligadas da Igreja católica, mais conhecidas por protestantes, entraram na Gafanha da Nazaré de forma mais sistemática. Graças à militância dos seus membros, depressa ganharam expressão entre algumas famílias até aí católicas, vindo a construir um templo que ficou concluído na década seguinte e que se mantém.
Manuel Vilarinho foi catequizado por Arlindo Tavares, de Aveiro, também ele dinâmico obreiro do protestantismo. Porém, o nosso conterrâneo não ficou enquadrado por qualquer grupo protestante, porque entendia que Jesus Cristo não fundou nenhuma Igreja. Estando assim desalinhado durante alguns anos, aquando da construção do templo sentiu-se “obrigado”, por razões legais, a entregar a sua administração à Igreja dos Irmãos.
A introdução do protestantismo na Gafanha da Nazaré não foi pacífica. Os católicos menos tolerantes criaram imensos problemas ao nosso conterrâneo, com ataques pessoais e ameaças de violência, que nunca, que se saiba, vieram a acontecer. O mais grave foi, contudo, a marginalização a que o votaram, deixando de frequentar a sua loja de tecidos e a sua oficina de alfaiate, profissão em que era mestre reputado.
A introdução do protestantismo na Gafanha da Nazaré não foi pacífica. Os católicos menos tolerantes criaram imensos problemas ao nosso conterrâneo, com ataques pessoais e ameaças de violência, que nunca, que se saiba, vieram a acontecer. O mais grave foi, contudo, a marginalização a que o votaram, deixando de frequentar a sua loja de tecidos e a sua oficina de alfaiate, profissão em que era mestre reputado.
Viu-se coagido a voltar-se para outro ramo de actividade, nomeadamente, a confeção, em fábricas que foram crescendo e cujos produtos se expandiram pelo país, em especial com os seus filhos, Carlos e Jorge,
Olhando o problema com realismo, a Igreja Evangélica nunca atingiu um plano significativo em relação ao nível de adesões. Tem mantido uma ação continua, dinamizando uma ou outra iniciativa, sem contudo se chocar com a comunidade católica.
No tempo de maior intervenção, chegou a haver até uma certa cooperação no sector social. Manuel Vilarinho e Maria da Luz Rocha conseguiram, inclusive, preparar em conjunto a ceia de Natal para os detidos no Estabelecimento Prisional de Aveiro. E a empresa de confeção do responsável pela entrada do protestantismo na Gafanha da Nazaré chegou a fornecer, gratuitamente, roupa para famílias pobres apoiadas pela Conferência Vicentina.
O mais marcante foi, contudo, o despertar dos católicos para a leitura da Bíblia e para estudos bíblicos. O Padre Domingos Rebelo, que foi pioneiro entre nós, organizou alguns, onde o gosto de saber e de conhecer a Palavra de Deus se multiplicou.
Na sequência desse interesse, na década de 80 do século passado, os Capuchinhos estiveram na nossa paróquia com os seus cursos. Nessa altura, foi constituído o Grupo Bíblico, que ainda hoje existe.
1 comentário:
Este texto foi publicado no meu livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida", em 2010, ano em que se celebrou o centenário da freguesia e paróquia da nossa terra.
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