D. João Evangelista na revista "Ilustração Moderna"

Entrada em Vila Real 
como Arcebispo-Bispo da Diocese

Descendo do comboio na Estação de Vila Real
A  caminho da Câmara Municipal 
Depois da receção na Câmara

Discursando na sé de Vila Real
Não tive a dita de falar com D. João Evangelista de Lima Vidal, nem antes nem quando foi Arcebispo-Bispo de Aveiro e grande impulsionador da restauração da Diocese de Aveiro. Faleceu em 1958, tinha eu 20 anos, mas nessa altura os bispos, por muito humildes que fossem, viviam um tanto ou quanto isolados, julgo eu. Cruzei-me com ele em algumas cerimónia, ouvi-o falar, mas palavras com ele nunca troquei. Hoje sinto essa mágoa, por muito apreciar, desde há bastante tempo, a prosa poética em que foi mestre consumado. Pertencem a D. João os mais belos escritos sobre Aveiro, região e suas gentes. 
Alguém de Aveiro, que por ele tinha grande afeição, tanto quanto sei, tinha o gosto de guardar publicações que se referissem a D. João, entre outros. Uma dessas publicações, "Ilustração Moderna", refere a entrada de D. João em Vila Real como Arcebispo-Bispo, no número 11, março de 1927. Aqui deixo as fotos, de má qualidade, que o meu scanner não consegue melhor.

Nota: As fotografias serão substituídas depois de reeditadas...

Na eira do avô dos Ribaus



Confesso que não sei o que é que estávamos a apreciar na eira do avô dos Ribau Teixeira. Da esquerda para a direita, Manuel Ribau, João Ramos, eu próprio,  Nelson e o Diamantino. Estaríamos a apreciar fotografias? A foto deve ter sido tirada pelo Ângelo (também já falecido) que era normalmente o mestre fotógrafo.
Grandes tempos de grandes e duradoiras amizades que nem a morte de alguns consegue apagar das nossas histórias de vida.
Os encontros à volta dos Ribaus era normalíssima, não apenas pelo convívio que todos desfrutávamos, mas também pela música que animava toda a gente. O Manuel tocava violino, o Ângelo viola, o Plínio bandolim ou banjo e o Diamantino guitarra. Havia outros que se juntavam a este grupo onde só eu não conseguia acertar nos sítios certos para as notas saírem afinadas.
À falta de habilidade para as cordas e para os acordes, vi-me obrigado (ou talvez fosse esse o meu destino) a optar pela leitura da boa biblioteca do avô dos Ribaus, Manuel Ribau Novo (veio a ser a alma da construção a nossa igreja matriz), e dos seus filhos, Diamantino da Cruz Ribau, que veio a ser padre, e Josué da Cruz Ribau que se formou em Matemática, tendo sido professor no Liceu de Aveiro. Estes últimos faleceram muito novos.
Repare-se na postura dos fotografados. Engravatados e bem penteados. Eu ainda não era careca.

O meu professor do ensino primário

A minha primeira escola, hoje oficina de bicicletas e motorizadas

Ao olhar para a minha vida académica, repleta de professores que admirei, a minha memória fixa-se em muitos que de várias formas me instruíram e educaram desde que ingressei na escola da Cambeia. E se ao longo da minha existência tive a felicidade de aprender muito com muitos professores, não tenho dúvidas em optar pelo primeiro, ao jeito do primeiro amor, o tal que nunca se esquece.
O meu primeiro professor foi Manuel Joaquim Ribau, conhecido por professor Ribau. Homem inteligente, culto, compreensivo, paciente e generoso que lecionou muitos anos na Gafanha da Nazaré.
Tinha quatro classes, não havendo lugar para todos os alunos. Os da primeira sentavam-se no chão as mais das vezes. Com ele aprendi as primeiras letras e os primeiros algarismos desenhados no quadro preto. Depois a leitura, as cópias, os ditados, a gramática, a aritmética, a geografia, a história, o desenho...
Mais tarde, recorri aos seus conselhos. Era preciso, semana a semana, elaborar um texto que abordasse um caso vivenciado por cada aluno. A professora da escola preparatória enervava-se um pouco com «levantei-me, vesti-me e calcei-me, almocei e fui à missa com minha mãe…». Eu desejei fugir ao trivial.
Consultei o professor Ribau que me aconselhou a ler durante cada semana uma brochura dedicada a estórias da nossa história. Depois apresentaria um resumo. Mostrei-lhe o primeiro e ele gostou. A professora também gostou. E assim passei uns dois anos a ler e a resumir. E o gosto pela leitura, pela escrita e pela história tomou-me até hoje.

Fernando Martins

Estória da emigração: Do sonho à pobreza extrema


Era eu menino quando uma família gafanhoa resolveu emigrar para a Argentina. Conheci-a de perto porque a minha mãe era amiga do casal. O marido e pai foi à frente para conhecer o terreno. Vislumbrou futuro e chamou mulher e filhos. Ainda tenho na memória o rosto e o sorriso deles.
Vendida a casa e demais propriedades, lá partiram todos ao encontro do chefe de família, como se dizia. A felicidade do reencontro e a esperança num futuro muito melhor estava no peito inchado de todos. E lá foram…
Nunca mais se falou deles. Soube que chegaram a ter uma quinta, certamente arrendada, e que vendiam produtos agrícolas nos mercados. Os anos passaram, até que um dia, em conversa com um parente, soube do desaire.
A vida, que lhes sorriu nos primeiros anos, deu uma reviravolta. A derrota e a miséria instalaram-se. Não conseguiram ultrapassar a desdita. A pobreza extrema chegou. Tornaram-se pedintes nas feiras e onde calhava. Não sei se há herdeiros…

O Douro


Só fiz um passeio de barco pelo Douro, há muitos anos. E seduziu-me para o resto da vida, tal foi a magia das imagens sucessivas que iam ocupando um recanto nobre do meu consciente. Algumas, com o tempo, recolheram-se no subconsciente.
Estava mesmo para iniciar o sono da noite,  quando, inesperadamente, fui alertado por aviso incessante.
— Lembras-te do passeio que fizeste há muito do Porto à Régua?
— Se lembro! — retorqui.
— Então, partilha uma foto, porque guardaste bastantes. Não vás para a cama; olha que recordar é viver. Tens todo o tempo do mundo para dormir.
E assim foi. Encontrada a foto, aqui está ela.
Reparem na tranquilidade da água do rio, nos socalcos dos montes com silhuetas bem definidos, no casario espalhado a esmo mas olhando a corrente, que, ora desliza mansinho, como naquele dia,  ora corre desalmadamente para o mar, fazendo estragos. Contemplem  as nuvens vivas e atentas ao que se passa, convictas da sua beleza, que as pinturas ou a fotografias, sem elas, nunca teriam tanta expressão. E hoje até parece que me nasceu uma alma nova a sonhar com outra viagem, trilhando o mesmo percurso.

Serrazes — A cobra


Férias em família e com amigos enchem-nos o saco das recordações de estórias sem conta. Recordo o dia da cobra, que resolvemos guardar religiosamente para memória futura. Está cá em casa há décadas e só hoje soube como foi ela descoberta. A recordação veio do António Vilarinho que, ao comentar no Facebook uma visita que nos fez, ao Parque de Campismo de Serrazes, evoca um encontro com uma cobra... Se não é esta que hoje aqui exibo, pode ser mãe, pai, irmã, filha ou prima da que o nosso amigo Vilarinho encontrou no caminho que vai das Termas de São Pedro do Sul até Serrazes. 
Recordo que os meus filhos ma trouxeram já morta e que resolvemos mergulhá-la em álcool. Até um dia...
Obrigado, meu caro, pela partilha.

Serrazes — Férias inesquecíveis

À espera da água para o banho
À descoberta da Pedra da Escrita
Conquista da Pedra da Escrita
No parque de campismo. Os nossos filhos com filhos de uma família de Coimbra
Por vezes perguntamo-nos por que razão ficamos presos uma vida inteira a certas terras e certas férias, mas a resposta, para nós, Fernando e Lita, está nesta foto de há décadas. E como esta há muitas outras.
Os nossos quatro filhos (Fernando, Pedro, Paulo e Aidinha, por ordem decrescente), no parque de Campismo de Serrazes, esperavam que o tanque, uma espécie de piscina, ficasse cheio de água para poderem nadar. O Paulo, que agora também é conhecido por João, e a Aida Isabel, a Aidinha, como ela exige que a tratemos, não tiveram paciência e saltaram para o tanque, ao que julgo de água gelada porque era proveniente de uma nascente. 
No verão talvez fosse aceitável. Posteriormente, e na hora certa, a água servia para regar a horta do Guarda Florestal, o qual, diga-se de passagem, fazia os seus negócios com os campistas, a quem fornecia hortaliças, coelhos, um ou outro frango, ovos e até fruta. 
Bons tempos em que pudemos viver em contacto direto com a natureza de ares renovados constantemente pela floresta verde. Perto, um ribeiro de águas transparentes permitia tomar banho para refrescar corpos e ideias. 
Aldeias típicas de ruas e ruelas estreitas, casas solarengas de famílias com raízes ancestrais, como os Malafaias, e, ainda, o monumento conhecido por Pedra da Escrita, desafiavam-nos para caminhadas frequentes.

Egas Moniz na estação do Porto

  Quando vou ao Porto, a capital do Norte, lembro-me com frequência dos painéis que decoram a sala de entrada da Estação Ferroviária. Nunca ...