sábado, 24 de novembro de 2018

Prior Sardo, fundador e “rei”

Estátua do Prior Sardo 



Em artigo publicado em «O Ilhavense», no dia 1 de dezembro de 1958, o Padre Rezende afirma que o Prior Sardo «dava ordens e directrizes em que era obedecido sem restrições ou quaisquer objecções, criando por esta forma ambiente favorável à criação da freguesia, que ele desde há muito trazia em mente». Noutro passo do seu artigo, garante que o Prior Sardo era considerado «o rei daquelas terras», sendo o primeiro a entender, «diante de Deus e dos homens, que devia interferir oportunamente com a sua autorizada acção e eficaz campanha na independência desejada». Assim, «reconheceu a necessidade de ingressar nos segredos da política dominante e agir dentro dela, como era costume, naqueles tempos, qualquer entidade que solicitasse uma mercê». 

Fernando Martins 
in “Gafanha da Nazaré, 
100 anos de vida”, 
pág. 80-81.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Aveiro: Inauguração das Eclusas e Comportas

1985 
23 de novembro 


«Foi inaugurado em Aveiro o sistema de eclusas e comportas, de que resultou a manutenção do nível elevado da água nos canais citadinos da Ria» (Correio do Vouga e Litoral, 22 e 29-11-1985) 

“Calendário Histórico de Aveiro” 
de António Christo 
e João Gonçalves Gaspar 


NOTA: Quem hoje aprecia os canais da Ria de Aveiro, sobretudo o Canal Central, nem imagina a importância daquela inauguração. Com maré baixa,  a lama, carregada de lixo doméstico e outro, lançava um cheiro nauseabundo insuportável. O Canal Central era, realmente a maior lixeira das redondezas. Desde a inauguração das eclusas e comportas, os canais que atravessam a cidade passaram a ser um luxo e um motivo turístico.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

MEDITAÇÃO de Bernardo Santareno

Gostei de reler


«Se para lá do leito que limita este mar profundo, houvesse um outro mar ainda mais fundo e depois deste um terceiro e outro e outro…
se através de todos estes mares, eu fosse descendo em vertigem…
se assim descendo, me fosse esquecendo de ideias, imagens, desejos e afectos…
se depois do último mar, de mim restasse somente um simples ponto luminoso, brilhante num túnel de treva densa…
se eu vencesse a angústia, o terror, o desértico vazio deste túnel negro…
se eu suportasse o silêncio terrível desta noite cerrada e sem estrelas…:
Então, talvez eu pressentisse a madrugada que se evola do sorriso de Deus…
talvez eu ouvisse a Música inefável, oculta para lá do humano silêncio…
talvez eu fosse penetrado pela alegria de Deus, pela simples claridade de Deus: tão pura e tão simples, que nenhuma das palavras que os homens sabem a pode conter!...
Só então, ultrapassados abismos de mares sucessivos, perdido das minhas mãos e do fruto que as chama, cortadas as raízes da minha voz de sangue, separados os meus gestos das aves que os voam…
só então, aniquilado, perdido de mim, um simples ponto luminoso na treva mais absoluta…
só então, verei a luz virgem, oculta no riso de Deus!»

In “Nos mares do fim do mundo”, 
de Bernardo Santareno

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Teatro Aveirense foi reaberto há 69 anos

Um espaço que muito honra 
a cidade e as suas gentes 



Há espaços emblemáticos na cidade de Aveiro. O Teatro Aveirense é um deles. Enche a memória dos aveirenses e de quantos por ali passaram ao longo da vida. 
No dia de hoje, em 1949, há precisamente 69 anos, foi reaberto, após dois anos de profundas obras de modernização, conforme lembra o Calendário Histórico de Aveiro. Nesse dia, foi apresentada a revista “Esquimó Fresquinho” pela Companhia de Revistas do Teatro Maria Vitória. 
Entrar no Teatro Aveirense, só por si, é revisitar a sua história e lembrar momentos agradáveis que se não perdem com o tempo. É evocar cultura, arte, artistas, cerimónias cívicas, pessoas ilustres, enfim, tudo o que nos faz recordar um passado que precisa de ter continuidade, agora com novas formas. O Teatro Aveirense aí está, presentemente, como espaço que muito honra a cidade e as suas gentes. 

F. M. 

domingo, 18 de novembro de 2018

O que esquecemos e o que aprendemos

Blocos de cimento

Há tempos, referi-me aos blocos de cimento que ilustram esta página, chamando-lhe pedras. Foi o que saiu naquele momento por me parecer mais poético. Eu sabia que não eram pedras, mas blocos com uma configuração especial ou apropriada para suster o impacto das ondas. 
Contudo, um amigo, o Carlos Amaro, sempre atento ao que digo e escrevo, teve o cuidado de me corrigir, explicando-me que se tratava de blocos, denominados “pé de galinha”, inventados e utilizados na Holanda com sucesso. Dá para perceber, portanto, que uma invenção, por mais simples que seja, pode produzir resultados gratificantes. Estamos sempre a aprender.

A brancura que cai dos céus

Recordando

Serra da Estrela 


A beira-mar tem os seus encantos: os horizontes largos dão-nos margem aos sonhos. Há décadas, um amigo meu do interior do país, de passagem pela Gafanha da Nazaré, quedava-se tardes inteiras sentado com os olhos fitos na linha longínqua que definia o oceano. Nunca tinha visto o mar, que não havia posses para passear até ao litoral. Nem sequer havia televisão na aldeia onde vivia. 
Espantado com tanta obsessão pelo nosso mar, perguntei-lhe, como quem não quer a coisa, por que razão por ali ficava tanto tempo. Respondeu-me, com alguma candura, “que esperava ver, ao longe, sinais de terra”. 
Vem isto a propósito dos terríficas mas simultaneamente belas paisagens nevadas, que o frio tem provocado por algumas zonas do país. Terríficas porque causam transtornos e podem mesmo meter medo a quem viaja. Belas porque nos mostram imagens raras como aquelas que os nossos olhos contemplam via televisão. 
Eu, que nasci ao som do mar e com o cheiro da maresia a entrar-me por todos os poros, nunca pude apreciar ao vivo, em plena serra, o espetáculo da neve a cair e a pintar de branco puro montes e vales, florestas e pessoas. Apenas visitei uma vez a Serra da Estrela, e neve, a sério, por aqui, nunca. Apenas um dia, na escola onde lecionei, há muitos anos, caíram uns farrapitos de neve que mal cobriram o recreio. E todos, professores, empregada e alunos, deixaram livros e cadernos, problemas e leituras para se deslumbrarem com a pureza que naquele dia nos levou a sorrir com gosto. Pudesse eu sentir o palpitar de um nevão e talvez ficasse como o meu amigo, extasiado, a apreciar a Natureza com tudo o que ela tem de bonito e de raro, em dias purificados pela brancura que cai dos céus. 

Fernando Martins

Nota: Texto publicado em 11 de janeiro de 2010.

sábado, 17 de novembro de 2018

Rossio: Crianças e Moliceiros




Ameaça de chuva com vento e frio, ao entardecer, no Rossio, Aveiro, percebe-se bem a ausência das crianças. Uma pomba estaria à espera delas. Em vão. 
No canal, ao lado, circulavam moliceiros com turistas. Quando falamos de moliceiros, associamos de imediato o moliço que estrumava terras de lavoura. Tempos que já não voltam. E os moliceiros, que enxameavam a laguna aveirense, estariam condenados a morte lenta, sem honra nem glória. Foram salvos pelo turismo, mas a sua história de vida, de séculos, nunca poderá ser esquecida.

Reflexos de vida de Fernando Martins

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