Quando eu era miúdo e jovem, o São João era festejado na Praia do Farol, com muita devoção. Era uma festa diferente das que hoje se fazem, quando se fazem. Presentemente, quando se fala do São João da Barra, fala-se de uma sardinhada com boroa e bem regada, com música gravada ou de conjunto musical. E fica-se por aí, mais ou menos. Mas antigamente era muito diferente.
À minha memória vêm logo os romeiros que a pé, de bicicleta ou de carro se deslocavam para junto da capelinha do São João, vindos de perto e de longe, sendo muito frequente a oferta de cravos (flores) ao santo milagreiro que tirava os cravos ou verrugas dos dedos das mãos. Esta crença vem de tempos que não posso precisar, mas sei que perdurou pelos tempos fora, até que passou de moda. Confesso que não sei se esta fé nos milagres atribuídos a São João Batista (ou por seu intermédio, junto de Deus) existia noutras terras.
Nos meus tempos de menino e moço, porém, era certo e sabido que muita gente tinha os tais cravos ou verrugas sobretudo nos dedos das mãos, o que não era nada agradável, diga-se de passagem. Não sei se por falta de higiene se por outro motivo. Contudo, os cravos ou verrugas acabavam por desaparecer tão depressa como depressa apareciam. E neste vaivém os cravos incomodavam o pessoal, sobretudo os jovens. E daí as promessas.
Penso que os médicos terão elucidado os crentes e neste ínterim começaram a escassear as promessas. E acabaram os cravos (flores) oferecidos ao nosso São João da Barra. Mas é natural que um ou outro devoto ainda entre na pequena igreja do São João, ali bem perto do Farol, para ofertar cravos ao parente de Jesus Cristo, o chamado precursor do nosso Salvador.
Fernando Martins
Nota: Sobre a chamada capela de São João da Barra, farei uma nota brevemente.