sábado, 27 de fevereiro de 2016

Eu sou deste tempo…

Guarita e salicórnia 
Velha Guarita

Eu sou deste tempo. Do tempo da velha Guarita ali perdida no meio de uma rua estreita, comprida e esburacada, marginal à laguna, que saía do Forte e chegava à Chave, na zona da EPA (Empresa de Pesca de Aveiro). Não sou nostálgico, ao ponto de dizer que tenho saudades desses tempos. Não tenho. 
A Guarita, que regista na foto a marca do abandono, assistia à azáfama do povo a apanhar recebolo, com foicinhas, para alimento dos suínos, cuja carne teria um sabor especial. Não confirmo nem desminto. 
Há anos encetei uma busca para tentar descobrir que planta seria o tal recebolo. Consultei dicionários, antigos e modernos, “sites” e até associações ligadas à Língua Portuguesa. Por fim, e nem sei como, também alguém da Universidade de Aveiro. Ninguém conhecia o recebolo.
Há anos, numa Feira do Sal, que se realizou em Aveiro, junto ao Mercado Manuel Firmino, entrevistei um proprietário do salgado da Figueira da Foz, que vendia salicórnia. Seria o tal recebolo? Parece-me que sim.

Entrevista:


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Portas d'Água


Era por aqui, com este cenário à vista, que imensas vezes visitávamos a Ria de Aveiro. Não era a ria, mas a borda. Também por aqui andavam alguns lavradores que apanhavam o arrolado, algas e limos que a maré abandonava quando recolhia ao oceano. Os solos eram fertilizados sem grandes despesas, para além do trabalho dos interessados. E assim se transformaram areias movediças em solo produtivo. 
Frequentemente se apanhavam berbigões, amêijoas, mexilhões, lingueirão de canudo e burriés, sem que as autoridades marítimas nos inquietassem. A ria era livre e o povo abastecia-se quando queria. 
Há dias, em conversa com um amigo, antigo pescador desportivo, disse-lhe que em tempo de crise talvez fosse interessante voltar à nossa laguna, como quem vai passear. Logo ele retorquiu que não pensasse nisso, porque a legislação em vigor é difícil de satisfazer. É necessário licenças para tudo e mais alguma coisa. E as multas são pesadas. 
Há tempos, olhei para a ria em maré baixa e divisei ao longe uma grande azáfama na apanha de berbigões, ao que julgo. Assumiram o risco ou teriam mesmo em dia as licença de que se fala? Não sei, mas talvez gostassem de sentir o prazer de caminhar no areal da ria, como quem passeia pelas ruas e jardins da nossa terra.

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Fernando Martins

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