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“NESTE NATAL, ATREVA-SE A SONHAR”

Virgem do Cravo de Leonardo Da Vinci
“Neste Natal, atreva-se a sonhar.” Li esta frase, há anos,  num saco publicitário, daqueles que carregam jornais e muita papelada, para ajudar a vender mais. É uma frase bem conseguida, pois incita a comportamentos que é suposto conduzirem à felicidade. Quem não gosta de sonhar!!!
O sonho, diz o poeta António Gedeão, comanda a vida. E se assim é, há que encher a vida de sonhos, realizáveis, uns, e impossíveis de atingir, outros. Sonhos que nos alimentam o espírito e nos dão forças para prosseguir na jornada, em caminhos de optimismo, tolerância e  verdade.
Importa, pois, sonhar, porque a vida não pode ser só trabalho, canseiras, preocupações, tristezas. Urge crer num mundo melhor e querer uma sociedade mais justa e mais solidária, para nós e para os nossos filhos e netos. Urge tornar fácil, através do sonho, mas não só, os caminhos que trilhamos, iluminando os que nos rodeiam com sorrisos e projectos de beleza. Urge prosseguir no dia a dia na busca do que é bom para todos os homens e mulheres de boa vontade.
Atreva-se a sonhar em espírito natalício todos os dias do ano. É que o sonho, a alma de uma vida melhor, é luz que brilha e ilumina projectos com sentido, porque assentes na ternura que o MENINO do presépio de Belém nos deu para sempre.

Fernando Martins

NOTA: Recordações e vivências do Natal, neste meu blogue, durante o mês de dezembro.

Natal - Os sabores da nossa alegria



Logo mais, vamos celebrar a consoada com o nosso Menino Jesus a contemplar quem está sentado à mesa e quem permanece espiritualmente nas nossas memórias, hoje mais frescas do que nunca por força das saudades enormes que o Natal suscita em todos.
Estou a ouvir uma gargalhada bem timbrada do meu pai, quando uma priminha disse que ele estava «“ogadinho” com o cheiro dos ovos» que a minha mãe manuseava para os bilharacos e rabanadas. E as gargalhadas prosseguiam durante a noite santa em épocas sem televisão nem rádios. O tradicional bacalhau com todos, bem regado com azeite comprado clandestinamente (tempos de guerra), sempre com olho atento na doçaria que ao lado esperava a sua vez. Eram, verdadeiramente, os sabores da nossa alegria. E a noite prosseguia até a mãe dizer, na sua candura que perdura no meu ser, que era preciso dormir para não perturbar o trabalho do Menino Jesus na sua santíssima tarefa carregada de amor, com a missão de tornar felizes todos os meninos do mundo, com as aguardadas prendinhas. São tantos, dizia a minha mãe, que as prendas não poderiam ser muito caras. Era este um recado mágico pela certeza de que o Menino Jesus entraria sorrateiramente pela chaminé, sem se sujar. Milagre, admiti uma vez. Mais tarde, porém, lá vinha a verdade de que afinal o Menino apenas dava saúde aos nossos pais para poderem trabalhar e comprar as prendinhas da consoada. 
Os tempos são realmente outros. E já adulto ouvi tantos criticarem estas estórias das prendas do Deus Menino... que era um erro enganar as crianças... que se devia dizer a verdade... etc... etc. Esquecem-se os críticos de que as crianças, todas as crianças do planeta e de todas as eras, precisam do mágico, do maravilhoso, de fadas e de heróis que despertam nelas a capacidade de sonhar! E quem isto pregava passou a aceitar o Pai Natal que um publicitário inteligente soube incutir no povo para se vender mais. O negócio tentou fechar a sete chaves o nosso Menino Jesus, mas Ele continua no coração de muitas famílias. Eu sei que há pais natais que levam nos sacos prendas e palavras, simpatias e emoções. Contudo, eu continuarei com o nosso Menino Jesus que ocupa um lugar muito terno no meu coração. 
Para nosso consolo, a ceia de consoada marca indelevelmente os hábitos da grande maioria das famílias, com o mesmo espírito dos nossos tempos da infância, espírito que queremos legar aos que nos perpetuam no tempo e no mundo. 

Fernando Martins 

Uns matraquilhos para os meus filhos

O Menino Jesus viria de madrugada

matraquilhos para crianças - Pesquisa Google:


Já lá vão muitos anos, mas o Natal desse tempo distante ficou-me na memória para sempre. Quando comprei em Ovar um bilhar de matraquilhos, à medida das idades dos meus filhos, resistente quanto baste, imaginei-os manhã cedo a correr para junto do fogão de sala, onde haviam deixado os sapatitos. O Menino Jesus viria de madrugada, segundo a tradição, para deixar, sorrateiramente, as prendas natalícias. Era cena intrigante para eles, decerto para todas as crianças, porque a chaminé, por onde teria de passar, estaria cheia de cinza. Mas os pais lá contornavam, delicadamente, o problema apoiados na certeza de que o Menino, que era Deus, nunca sairia sujo por causa da sua generosidade para com todos, em especial para quem se portasse bem. E estas histórias, que muitos julgam ridículas, não deixariam de ser, e ainda são, arte pedagógica enriquecedora do imaginário infantil, intrínseco à formação integral do ser humano

Conto de Natal

  O AMÉRICO 


De sorriso largo a emoldurar-lhe o rosto gasto pelos anos e cansado de tanto trabalho e canseiras, de chapéu a bailar-lhe nas mãos calejadas pela luta do dia a dia, de gravata garrida sobre a camisa branca, de sapatos polidos e fato completo, vinha desejar-me bom Natal, tantos anos depois de nos termos conhecido. Os anos passam, mas as amizades, nem sempre manifestadas por tantos motivos, perduram. Era o caso. 
O Américo tinha saudades de alguns momentos vividos e sentidos em comum. Vinha da estranja, para onde fora em hora de mudar de vida. Era a terceira tentativa, depois de ter desistido da mina que lhe roubou a saúde e nunca lhe matou a fome. 
Quando o conheci, tinha trinta e poucos anos, filhos seguidinhos, pele enrugada e olhos encovados pela escuridão do poço, parecia na casa dos cinquenta. 
— Tenho cara disso, mas estou muito longe. E olhe, também é por causa disso que quero fugir da mina. 
Trabalhava horas a fio, em condições sub-humanas, com o pó negro do carvão a corroer-lhe os pulmões. Mal alimentado, como sina de todos os mais pobres, sentia a vida a escapar-lhe a olhos vistos. E a mulher e os filhos? Ela não podia trabalhar fora de casa. Assim lho pediam as crianças, todas a precisarem dos cuidados maternos. 
— Cheguei a apanhar fruta dos quintais alheios para matar a maldita fome que me atormentava. E não havia por ali outros trabalhos onde pudesse ganhar o mínimo para sustentar a família. 
E sonhou. Sonhou com terras de progresso e de trabalho a rodos para todos. Onde os operários ganhassem o correspondente ao suor gasto. Não importava os esforços que lhe exigissem. O que importava é que tivesse o necessário. Tentou a França. Clandestino como tantos, há décadas. Preso na “viagem”, pelos vizinhos espanhóis, passou das boas, longe dos seus e sem ninguém que o ajudasse. 
Depois da prisão e da condenação suspensa, foi o mar que o atraiu porque “sempre devia haver mais trabalhos” para quem nunca regateou canseiras.

Considerações sobre o Natal




Encontro

Numa antecipação marcada pela vivência natalícia de décadas, felizmente sempre no seio da família, é saboroso perspetivar o NATAL  com muito de bom que há-de ficar na história pessoal de cada um. O encontro adivinhado na casa-mãe, com todos os membros da família a partilharem as alegrias próprias da quadra, onde os desejos de uma felicidade abençoada pelo Menino-Deus se pressente nos olhares de todos, é sinal de que tudo se conjuga para se reforçar o laço da ternura que almejamos.

Aperitivos

Na hora dos aperitivos lá estão, efusivos, os cumprimentos afetuosos, como se não nos víssemos há muito tempo. Uma ou outra queixita, mais dos menos jovens,  gestos carinhosos dos mais sensíveis, palavras amigas de circunstância, uma ou outra recordação de tempos idos, um olhar ternurento para o Presépio que vem dos avós. Ao lado, para os lados da cozinha, atarefados, lá está quem assumiu os preparativos finais por que todos esperam: mesa posta, pratos tradicionais, tudo enfeitado por decoração alusiva à festa da Família, com o Menino-Jesus a contemplar, enternecido, a harmonia familiar. Estou em crer que chega mesmo a sentar-se à mesa, num dos lugares vazios de há anos a esta parte. Tudo se conjuga para que o NATAL seja o reflexo do espírito que a Igreja nos tem ensinado a viver, não apenas nesta quadra, mas durante toda a vida.

Natal da Esperança


1. Disposição do espírito que induz a esperar
que uma coisa se há-de realizar ou suceder.
2. Expetativa.
3. Coisa que se espera.
4. Confiança.
5. Religião: Uma das virtudes teologais.


Dos dicionários


1. Para os cristãos, a esperança é mola-real da fé, que Deus não deixará de oferecer aos homens e mulheres de boa vontade. Predispondo-se a recebê-la, cada um dos que buscam o Todo-Poderoso precisa de cultivar o dom da espera, que também é, ano após ano repetido por esta altura, uma excelente ocasião que a Igreja nos proporciona para revivermos a esperança alguma vez já experienciada. Daí a beleza da quadra natalícia que atravessamos e que nos faz sentir que a meta esperada está à porta do presépio de Belém, onde a humildade humanizada nos aproxima indelevelmente uns dos outros.
A esperança, a tal disposição do espírito que nos induz a esperar que uma coisa se há-de realizar ou suceder, não é atitude espontânea e passiva. Muito menos inata. Ela precisa de ser aprendida e cultivada, educada e alimentada, para se tornar paciente e consciente de que Aquele que há de vir se sinta bem em nós e connosco, alargando-se ao mundo inteiro, como reflexo da Estrela de Belém que a todos ilumina e aquece.

A MELHOR PRENDA DE NATAL


O Albano acordou na segunda-feira com o firme propósito de resolver de uma vez por todas o problema das prendas de Natal. Todos os anos sentia o mesmo dilema, sem saber o que oferecer na noite de consoada aos seus familiares. A esposa, essa sim, tinha jeito para essas coisas. Sempre estava mais disponível e não tinha preocupações que a incomodassem. O Albano era diferente. A empresa ocupava-o todos os momentos dos dias, ou não o obrigassem a isso a crise económica que domina o país e alguns conflitos com um ou outro trabalhador, que há sempre quem esteja insatisfeito com o ordenado que recebe. Por isso, escasseava-lhe o tempo para pensar em prendas. Mas o Natal ainda o motivava para se mostrar generoso com quem mais o ajudava nos negócios e com os familiares mais próximos. Restos de uma educação cristã que havia recebido em criança e do ambiente solidário que a época natalícia propicia.
As prendas dos mais diretos colaboradores eram fáceis de encontrar. Mais uns dinheiros para além do subsídio do Natal e do habitual salário mensal, e não era nada mau. Assim, receber três meses de uma só vez sempre será muito bom para que os trabalhadores bem comportados possam passar esta quadra mais folgadamente.

Egas Moniz na estação do Porto

  Quando vou ao Porto, a capital do Norte, lembro-me com frequência dos painéis que decoram a sala de entrada da Estação Ferroviária. Nunca ...