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Chaves - Pedra Bolideira



A Pedra Bolideira, que um dia descobrimos durante uma viagem a caminho de Bragança, com partida de Chaves, também faz parte das minhas memórias. Tínhamos ouvido falar dela em casa de uma família que nos recebeu, durante as nossas  férias na cidade termal de Chaves, e ficámos com curiosidade de conhecer o fenómeno de uma pedra enorme que podíamos fazê-la oscilar, se a pressionássemos no sítio certo. E lá partimos com o objetivo de fazer a experiência.
Digo fenómeno pela raridade de existir um pedregulho em posição de equilíbrio instável, ao alcance de um ser humano poder fazê-lo baloiçar. Como foi o caso. E lá partimos rumo a Bragança, também com a ideia de visitar o Museu do Abade Baçal, o tal abade que se dedicou à descoberta e estudo de antiguidades arqueológicas, tendo escrito muitíssimo sobre o que, com a sua sensibilidade e intuição, soube trazer até à luz do dia, atraindo outros especialistas na matéria para a região. O museu, que tivemos o privilégio de visitar noutras alturas, deixou-me  na memória sinais indeléveis, que ainda hoje afloram ao meu espírito, quando ouço falar de Trás-os-Montes.
Mas a célebre Pedra Bolideira, em Chaves,  saltou-me um dia destes para o meu consciente, quando encontrei a fotografia que ilustra este registo. A Lita e a Aidinha, curiosas, foram as primeiras a tentar mexer o pedregulho. Depois fui eu dar uma ajuda, mas nada. A célebre pedra não tugiu nem mugiu e ficou impávida e serena a rir-se de nós.
Duas mocinhas e depois um homem maduro lá nos indicaram o sítio certo para sairmos vitoriosos, indicando-nos uma simples verga que se vê, com alguma dificuldade, junto da Aidinha. Foi o suficiente para ganharmos a partida. E a Pedra mexeu, sim senhor, tantas vezes quantas quisemos. O retrato não mente.

Fernando Martins

Recordações — Amizades para a vida

Há quantos anos?
Ao longo da vida criamos muitas amizades, algumas das quais crescem com o tempo, apesar das distâncias que nos separam uns dos outros. Uma dessas amizades, das tais que se consolidam com o decorrer dos anos, nasceu há décadas com uma família de Chaves, que viveu perto de nós, na Gafanha da Nazaré. Refiro-me aos meus amigos Nazaré e António Fernandes e aos seus filhos, Pedro, José Carlos e Vítor. Depois, o grupo alargou-se às noras e aos netos, Erika e Paula, Mariana, Alexandra, Rita e Francisco. 
Quando o encontro, programado ou ocasional, acontece, experimentamos, naturalmente, uma renovada alegria. Este ano nada fazia prever o reencontro com a família flaviense. Não seria fácil uma estada no Algarve para gozo de férias naquela altura do mês de agosto, diziam-me. Mas eu, que acredito ou penso que acredito no sexto sentido, tinha cá um palpite de que tudo seria possível. 
Um fim de tarde, quando deambulava pelo aldeamento, reparei que na casa dos nossos amigos havia janelas entreabertas, como sinal de gente amiga à vista. Os amigos Nazaré e António, ao simples toque da campainha, surgiram na minha frente, para o abraço fraterno. Tinham acabado de chegar e estavam a arrumar as malas. Julgo que, ao saberem que estávamos por ali, não resistiram e quiseram fazer-nos uma surpresa. Que agradável surpresa, de pessoas que tanto estimamos! 
Para pôr a conversa em dia, com recordações e mais recordações, com preocupações e anseios, com alegrias e projetos, de tudo um pouco se falou durante os dias em que estiveram no Algarve. Mas o que mais me apetece sublinhar é a forma amiga, mais que fraterna, como partilhamos sentimentos e emoções, vivências passadas e sonhos ainda por realizar. Com esta família partilhámos, ao longo das nossas vidas, algumas férias. Foram estes amigos que um dia, já um pouco longínquo, nos convidaram para conhecer Chaves, e nos entusiasmaram pelo conhecimento de Trás-os-Montes. 
Com eles calcorreámos vilas e aldeias daquela região, saboreámos os melhores petiscos (pastéis, bola e folar de Chaves), com destaque para o presunto que nos esperava, fresquinho, na cave de sua casa, e que comíamos com o pão de centeio, tão famoso por aquelas bandas. 
No frigorífico havia um vinho não muito forte, que temperava o presunto comido às lasquinhas. Foi com eles que aprendi a gostar da feijoada transmontana e do leitão à moda da terra, dum cozido mais completo do que o tradicional à portuguesa. E fico-me por aqui, com a certeza de que muito haveria a dizer. 
Com eles conheci monumentos, li e reli história e tradições de Chaves, dei um salto até Espanha, ainda no tempo do contrabando consentido, provei em Boticas o vinho dos mortos e assisti em Montalegre à “chega dos bois”, de que hei de falar um dia destes se encontrar as fotografias que na altura registei. Subi montes e vales para apreciar castros e conhecer aldeias típicas. E, ainda, como experiência rara, para a época, trocámos as nossas casas para viver as férias com mais comodidade. 
Afinal, as amizades são assim, quando desinteressadamente as cultivamos e as enriquecemos em horas boas e menos boas. 

Fernando Martins

Texto escrito em agosto de 2008

Nota: O nosso amigo António Fernandes faleceu em 20 de novembro de 2011.

Chaves com muita história e boas memórias

Ponte Romana
Hoje, 1 de agosto, fui de abalada até Chaves. Sem livros nem desdobráveis turísticos. Memória ainda afinada para reviver tantos momentos agradáveis na companhia de amigos de sempre e para sempre. Ruas e ruelas, monumentos e rostos, conversas e encontros nos cafés e jardins da cidade. Ponte Romana a arrastar-nos para outras eras e outras gentes que por aqui se instalaram à volta do Tâmega, Torre de Menagem a impor respeito, termas a exigir visita. Pasteis de Chaves e Bola de Carne a fazerem crescer água na boca. A Bola da nossa amiga Nazaré Fernandes era sempre a melhor. Porquê? — perguntava eu. Segredo — respondia ela. 

De Chaves hei de falar mais à custa das minhas Memórias Soltas. 

Por hoje sugiro o que escrevi em 2005. Ver aqui

Nossa Senhora Aparecida em Calvão, Chaves




Há anos, as nossas férias mais gostosas eram vividas em Chaves, em casa de casal muito amigo, Maria Nazaré e António Fernandes. Chegámos a trocar as nossas casas. Nós íamos para Chaves e eles vinham para a Gafanha da Nazaré. Bons tempos, que recordo de vez em quando, direi melhor, com muita frequência.
Normalmente, estas trocas aconteciam em agosto. Daqui saímos todos, eu, a Lita e os filhos, Fernando, Pedro, João Paulo e Aidinha. Se eu escrevesse Aida ela ia ficar já toda abespinhada. E eles vinham com os filhos Pedro, José Carlos e Vitor. Infelizmente, as memórias passam a registar tristezas. Já faleceu o António Fernandes e o José Carlos, na flor da vida. Continuam, porém, a encher a nossa alma.
Permitam-me que recorde que a Maria Nazaré foi professora na Escola da Marinha Velha, de quem muitas alunas me falam com saudades desses tempos.
Em Chaves passeávamos muito e hoje, quando remexia uma caixa de fotos, deparei-me com duas tiradas na Senhora Aparecida. Não tem a data, mas nota-se que a Lita era um pouquito mais nova. Vê-se bem.
Contudo, o mais engraçado é que uma placa, aplicada em 1990, diz que Nossa Senhora  Aparecida ali se terá cruzado também com três pastorinhos, em 1833, muitos anos antes de o ter feito em Fátima. Mas aquela, apesar de ter suscitado peregrinações e devoções, nunca terá chegado à fama e projeção da Nossa Senhora de Fátima, na Cova da Iria.

Egas Moniz na estação do Porto

  Quando vou ao Porto, a capital do Norte, lembro-me com frequência dos painéis que decoram a sala de entrada da Estação Ferroviária. Nunca ...