Conversas ao sabor da maré


A vida é um dom permanente, que nem sempre sabemos apreciar e valorizar. Raramente nos apercebemos disso, mas é dom por tudo quanto dela nos vem. 
Ausente uns dias, não muito longe, que viagens cansam, o regresso foi rápido, quase ao cair da noite. A habitual sensação do retorno ao sítio em que criei  raízes profundas e duradouras.
Manhã cedo, que os dias são mais curtos, o erguer foi imposto por visitas programadas. Aqui, nas ruas que me são familiares, encontrei em cada esquina uma voz próxima, uma saudação amiga. E ouvi histórias, e soube de gestos já natalinos, e compreendi projetos solidários, e cruzei-me com amigos de longa data.
A nossa terra é sempre a terra que nos realiza como pessoas de partilha de sentimentos e emoções, de trabalhos e canseiras, de lutas benfazejas, de alegrias mais sonoras, de gestos mais emotivos.
Com a passagem dos anos, fixo mais os rostos e sorrisos das pessoas do que os seus nomes. Por vezes é a voz que torna presente os nomes, normalmente acompanhados de histórias de vida comuns. E então, é por aí que revivo acontecimentos de décadas, quantas vezes de ações solidárias em prol da comunidade e de pessoas.
Embora mais dado ao aconchego da minha casa e nela aos meus recantos de leitura, escrita e música, prazeres que me enchem a alma e me inspiram a alegria de viver, começo, quiçá tardiamente, a valorizar os encontros ocasionais nas ruas da nossa terra. Vou tentar sair mais, na esperança de me enriquecer com as conversas ao sabor da maré.

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